domingo, dezembro 31, 2006

Saddam executado

Apesar da pressão internacional, Saddam Hussein foi mesmo enforcado na madrugada de dia 30, às seis da manhã, hora local.

Percebe-se a escolha do dia: fim-de-semana e feriado no Iraque para tentar não levantar muitas "ondas".

O Governo do Iraque, certamente pressionado pela Administração Bush, seguiu mesmo a teoria do "olho por olho, dente por dente", usando uma estratégia digna de qualquer "western norte-americano", estratégia essa indigna de uma sociedade que se quer democrática em pleno século XXI.

Não há a mínima dúvida que Saddam Hussein era um ditador sanguinário, que matou e mandou matar milhares de pessoas, mas nada do que fez justifica a morte por enforcamento.

Ao obrigar à execução de Saddam, George W. Bush cometeu (mais) um erro grave na sua Administração: não é esta morte que vai resolver a questão do Iraque e certamente vai até agravar a situação em termos militares.

Bush está metido não num deserto, mas num pantanal, onde se está a afundar cada vez mais a cada dia que passa.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Curtas e Grossas

Face aos muitos afazeres profissionais, "visíveis dentro de dias numa página perto de si", não tem sido possível actualizar o site como ele devia e merecia.

Para fazer face ao "atraso" vamos fazer um resumo, uma espécie de "várias em um", com alguns dos temas que estiveram em destaque nos últimos tempos.
  • Saddam Hussein foi condenado à morte num julgamento algo duvidoso que teve o final esperado. Face ao que se passou e à pressão internacional, acredito que o veredicto seja alterado.
  • Donald Rumsfeld pagou o "pato" pela derrota dos Republicanos nas eleições intercalares dos Estados Unidos e foi substituido por Robert Gates, amigo da família Bush. Prometem-se alterações na política norte-americana para o Iraque. Aguardemos...
  • Apesar de alguns receios prévios, correu bem a visita de Bento XVI à Turquia e a situação parece ter acalmado.
  • A "estória" dos voos da CIA e a passagem por Portugal continua mal explicada e com muitas "pontas soltas".
  • O Governo alterou a política fiscal em relação aos deficientes. Concordo que se dê mais a quem precisa, discorda que se faça isso à custa de outros deficientes.
  • A banca foi um bocadinho apertada com as medidas do Governo, mas podia ter-se ido mais longe.
  • Foi histórico o acordo tripartido para o salário mínimo. É bom, de quando em vez, dar boas notícias.
  • Maria José Morgado vai "arbitrar" o caso Apito Dourado. O processo está muito bem entregue, esperemos que a procuradora-geral adjunta possa trabalhar à vontade.

PS: Já agora, Bom Natal.

quinta-feira, novembro 30, 2006

"Tiro ao Alvo" de regresso

Depois de várias semanas de ausência, o "Tiro ao Alvo" está de regresso com pontaria afinada.

Pedindo desculpa pelo interregno (sim, eu sei, as desculpas não se pedem, evitam-se), vamos tentar recuperar o atraso e voltar a comentar a actualidade na medida do possível.

Continua a haver temas que merecem toda a atenção, quer a nível nacional quer internacional.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Demita-se já...

A culpa do aumento da electricidade em 15.7% já para o próximo ano “é dos consumidores domésticos” porque "este défice tem de ser pago por quem o gerou".

Esta frase absolutamente inacreditável é do Secretário de Estado da Indústria e Inovação.

A lei (que, como se sabe, é feita pelos consumidores) impedia uma actualização dos preços acima da inflação, o que terá dado origem a um défice tarifário.

Ora, segundo Castro Guerra, este défice "só pode ser imputado aos consumidores”.

Ainda não satisfeito, o homem ainda admitiu que o aumento era elevado mas que “os custos são os custos”.

Entretanto, esta manhã, Castro Guerra recuou e tentou esclarecer o que queria dizer com esta declaração assassina. O que é certo é que, se isto fosse um país normal, este senhor já teria sido demitido.

domingo, outubro 15, 2006

15-0

Depois de vários dias de negociações no Conselho de Segurança, as Nações Unidas aprovaram sanções à Coreia do Norte devido ao teste nuclear de Pyongyang.

Estas sanções não são muito fortes, até para não "ferirem" o povo, mas podem servir para travar o plano norte-coreano e alertar o Irão, o outro país, alvo de atenções internacionais.

Foram impostas algumas sanções financeiras, está proibida a venda de armamento ou de materiais que possam levar à construção de armas e é, agora, obrigatório vigiar navios que entrem no país.

A primeira reacção de Pyongyang foi negativa. O embaixador norte-coreano na ONU acusa Washington de levar a cabo políticas hostis e deixa o aviso: Se os Estados Unidos insistirem em provocar a Coreia do Norte, Pyongyang vai entender essa atitude como uma declaração de guerra.

Destaque para o facto da própria China ter aprovado estas sanções.

Aguardemos pelos próximos capítulos...

segunda-feira, outubro 02, 2006

O Lula ou o "polvo"

Afinal, vai mesmo haver segunda volta nas eleições do Brasil, contrariando todas as sondagens na última semana de campanha.

Com 48.61% dos votos, Lula não conseguiu a vitória à primeira volta, também por culpa de Heloisa Helena, ex-PT, que alcançou 6.85%. Vamos ver o que decide para a segunda volta de 29 deste mês.

Com o seu partido e o seu Governo envolvidos em vários escândalos, Lula não resistiu e foi penalizado.

Ao não explicar o que se passa, ao fugir aos debates, ao atrasar algumas das suas promessas, o Presidente "colocou-se a jeito".

Os brasileiros provaram que não estão a dormir e não toleram todo o tipo de esquemas e jogadas: o "mensalão" e o "escândalo do dossier" minaram a credibilidade de Lula e desiludiram milhões de eleitores.

Não sei se Lula está ou não metido nestes casos de corrupção organizada... mas lá que dá mau aspecto, lá isso dá.

Eu, pessoalmente, esperava mais e melhor.

Dia 29, Geraldo Alckin ou Lula? O povo decide.

quarta-feira, setembro 20, 2006

PGR

O Presidente da República e o Governo já escolheram o novo Procurador Geral da República que vai tomar posse a 9 de Outubro.

Não conheço o juiz conselheiro Pinto Monteiro, mas já deu para ver que tem um grande currículo, com especial destaque para o facto de ter sido alto comissário adjunto na Alta Autoridade para a corrupção.

O que espero é que Pinto Monteiro cumpra bem, de forma isenta, discreta, mas eficaz o seu cargo de Procurador Geral da República.

Seguramente não vamos ter saudades de Souto Moura que cometeu várias e graves gaffes, especialmente desde o início do processo Casa Pia.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Gyurcsany


Não é que não soubessemos, mas é sempre notícia quando vemos um político assumir que mentiu aos eleitores para manter o poder. Calma... não foi em Portugal, foi na Hungria.

Passo a explicar:

O Primeiro-ministro húngaro admitiu, numa reunião do seu partido, que o Governo mentiu para conseguir vencer as eleições em Abril.

Ferenc Gyurcsany, assim se chama o senhor, disse que o seu Executivo, agora, não teria outra hipótese se não fazer reformas no segundo mandato, depois das mentiras que caracterizaram os primeiros 18 meses de governação.

"Mentimos de manhã, mentimos à noite. Não conseguimos encontrar uma medida governamental significativa de que nos possamos orgulhar", acrescentou Gyurcsany numa gravação agora tornada pública.

Extraordinário...

sábado, setembro 16, 2006

Não havia necessidade...

"Mostra-me o que Maomé trouxe de novo e só verás coisas más e desumanas. Tal como a sua directiva de difundir por meio da espada a fé que pregava".

Foram estas as palavras do Papa, citanto um imperador bizantino do século XIV, que estão a levantar polémica no mundo islâmico.

Acredito que, tal como diz a comunidade islâmica de Lisboa, não terá sido intenção do Papa atacar o Islão mas lá que “a escolha de palavras foi infeliz”, lá isso parece não haver dúvidas.

Numa altura em que a situação no mundo está tensa, parece fundamental que se continue a investir no diálogo inter-religioso.

Estas declarações, por poderem ser mal interpretadas, não ajudam nada.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Por tudo e por nada...

Diz um amigo meu quando se metem com ele: "Pois é, só tenho culpa por duas coisas: por tudo e por nada".

Vem isto a propósito desta moda recente das "providências cautelares" ser respondida com declarações de "interesse público".

Curioso é que para além das questões em tribunal (caso Mateus, fecho das maternidades, etc), agora, o chamado "interesse público" também já serve para infringir as mais elementares regras cívicas.

O ministro da Economia foi apanhado, com motorista, a conduzir a mais de 200 quilómetros/hora para ir a uma acção governamental.

Manuel Pinho confessou estar embaraçado e explicou que o excesso de velocidade se explicava com razões de "interesse público".

Fantástico...

terça-feira, setembro 12, 2006

11 de Setembro

Cinco anos passaram... e o mundo não está mais seguro, antes pelo contrário.

Em primeiro lugar gostaria de reafirmar que lamento profundamente a morte dos quase três mil inocentes e que não consigo entender a atitude dos terroristas (nada, nem política, nem religião, nem dinheiro, nada justifica o que se passou - seja quem for o culpado).

O que é certo é que responder à guerra com mais guerra não devolveu a vida às vítimas e agravou até a situação do terrorismo.

Depois de cinco anos no Afeganistão e mais de três no Iraque, os ataques contra as populações civis e as forças internacionais continuam, os atentados em dezenas de outros países continuam, Bush continua.

Não esquecendo que esta série começou com o 11 de Setembro, o certo é que a resposta de George W. Bush não foi correcta e utilizou "armas" ilegais, especialmente desde o Iraque.

Por um lado, não respeitou as Nações Unidas ao não esperar por uma resolução, montou uma estratégia baseada em mentiras ("O Iraque tem armas nucleares", "o Iraque apoia a Al-Qaeda"), abriu um campo de concentração (Guantanamo) onde os direitos humanos são completamente desrespeitados, têm prisões secretas no exterior para interrogar os suspeitos.

Por outro, Bin Laden, Zawahiri e Mullah Omar continuam desaparecidos, alegadamente, entre a fronteira do Paquistão e do Afeganistão.

Entretanto, o Irão de Ahmadinejad está a ganhar força, picando a comunidade internacional, a Coreia do Norte é outra bomba relógio e outros países estão à espreita...

Daqui a dois anos, Bush vai embora. O que ainda vai acontecer até lá? O que vai acontecer a seguir?

quinta-feira, setembro 07, 2006

emBUSHte

Depois de ter mentido ao mundo para justificar a guerra no Iraque, George W. Bush deu esta noite mais um passo para o "abismo" da credibilidade, da honestidade, da lealdade e, já agora, da liberdade democrática.

O presidente dos Estados Unidos, há meses pressionado sobre esta questão, veio esta noite admitir, pela primeira vez, aquilo que todos já suspeitavam: a CIA tem prisões fora do país e realiza interrogatórios ilegais a suspeitos de terrorismo.

Nada - nem o "11 de Setembro" - justificam mais esta atitude miserável da Adminiatração Bush que vive e sobrevive com mentiras e esquemas, passando por cima de tudo e de todos.

domingo, setembro 03, 2006

Algo vai mal...

Quase metade das ofertas colocadas nos centros de emprego ficam por preencher, revela o "Jornal de Notícias".

Segundo o diário, apesar de estarem inscritas mais de 400 mil pessoas, os centros de emprego têm cada vez menos sucesso em encontrar um trabalhador com as qualificações necessárias e que esteja disposto a aceitar o posto.

Na primeira metade deste ano, foram entregues ao Instituto de Emprego e Formação Profissional quase nove mil propostas de trabalho, mas só pouco mais de 4700 acabaram por ser ocupadas por pessoas desempregadas ou à procura do primeiro emprego. Cerca de 4200 ficaram sem resposta.

terça-feira, agosto 29, 2006

Katrina

O furacão "Katrina" arrasou Nova Orleães há um ano, fez mais de 1800 mortos e estragos superiores a 80 mil milhões de dólares.

Ficaram à vista as insuficiências da "super-potência" Estados Unidos que, primeiro, não tomou medidas de prevenção e, depois, deixou abandonadas milhões de pessoas.

A Administração Bush deu aí (mais) um sinal de clara incapacidade, incapacidade essa que continua.

A reconstrução da cidade continua por fazer, o apoio às populações afectadas foi e continua a ser insuficiente.

O que custa muito é que fica a ideia que o facto da zona atingida ser maioritariamente de habitantes negros condicionou a (falta de) prontidão da resposta. E isso é o mais lamentável.

domingo, agosto 27, 2006

"O pior condutor do mundo"

Não sei se alguma vez viram este programa da SIC que dá nas tardes de domingo. Eu vi excertos de três programas e fiquei assustado.

Para quem nunca viu, aqui fica uma simples explicação: um grupo de pessoas (10 ou 12), todas com carta de condução, foram inscritas por amigos ou familiares para realizarem uma série de provas e testes ao volante. Cada semana é excluído o menos mau até ficar o pior de todos.

Tive o privilégio de ver o primeiro programa, já há algumas semanas, e, se não fosse trágico, este era um belíssimo programa de comédia.

Este programa da SIC, infelizmente, ajuda a explicar a tragédia que se vive nas estradas portuguesas e o clima de guerra civil que todos os anos mata centenas de pessoas.

É verdadeiramente inacreditável como é que pessoas com carta de condução conduzem tão mal. Aliás, arrisco-me a dizer que algumas destas pessoas, simplesmente, não sabem, de todo, conduzir e deveriam ser liminarmente proibidas de pegar num carro.

Estes "condutores" têm culpa, mas os instrutores e os examinadores ainda têm mais. Como foram as aulas e os exames?

Eu não tenho carta, nem vou ter (porque basicamente tenho medo de andar na estrada), mas o certo é que, ainda no outro dia, talvez inspirados por este programa, me perguntaram se eu queria tirar a carta, sem me chatear com nada, por 300 contos.

O ditado "Ganhou a carta na Farinha Amparo" nunca fez tanto sentido e, provavelmente, algumas destas 10 ou 12 foram assim conseguidas.

terça-feira, agosto 22, 2006

Elogios

A vida política em geral e alguns políticos em particular são fascinantes pelas voltas e reviravoltas que dão para justificar o injustificável ou defender ou indefensável, numa grande ginástica de (in)coerências.

Entre vários exemplos possíveis, que abrangem vários partidos, destaco o último que aconteceu com Jerónimo de Sousa, um daqueles que me surpreendeu pela positiva, mas que também já tem os tiques de outros líderes.

No último fim-de-semana, o líder do PCP fez um discurso em que o tema principal foi a questão do Líbano e o eventual envio de tropas portugueses para esse "teatro de guerra".

Os comunistas estão - aqui sem novidade - contra.

Jerónimo criticou o actual ministro dos Negócios Estrangeiros por estar intimamente ligado aos Estados Unidos - sim, é certo que também aqui não há novidade.

Engraçado, mas engraçado mesmo, foi ver o secretário geral dos comunistas a elogiar (?!) Freitas do Amaral, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, ex-integrante do Governo Sócrates e antigo líder do CDS-PP.

Ele há coisas do "arco da velha"... Abençoada vida política.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Os números da tragédia...

Sem mais comentários, uma notícia da Lusa:

"O conflito no Líbano custou a vida a 1152 libaneses e ferimentos a outros 3700, revelou um comunicado de imprensa da ONU que cita como fonte a ajuda humanitária daquele país.

Segundo a mesma fonte, duzentos mil libaneses, que se refugiaram nos países vizinhos, já regressaram ao país, mas outros 700 mil ainda o não fizeram.

Entretanto, o site da Organização das Nações Unidas para a Infância e Educação (UNESCO) alerta para o perigo que representam para as crianças, as bombas que ficaram por explodir em 34 dias de conflito.

Segundo números da Força Provisória das Nações Unidas para o Líbano (UNIFIL), entre 200 a 300 bombas e mísseis caíram, por dia, nas áreas adjacentes à Linha Azul (uma faixa fronteiriça entre Israel e o Líbano)."

terça-feira, agosto 15, 2006

Incêndios há muitos

O ministro da Administração Interna foi esta noite receber os bombeiros portugueses que estiveram a apagar fogos em Espanha e congratulou-se com o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido.

Não contesto o trabalho dos “soldados da paz” e acho realmente fantástica a dedicação e o esforço que estes (a maior parte deles) voluntários dedicam a todos nós, não só na “época dos incêndios”.

Outra certeza que tenho é que Portugal não dá todas as condições necessárias para que o trabalho dos bombeiros seja desenvolvido com a máxima prontidão e qualidade.

Também não tenho dúvidas de que os bombeiros não recebem o reconhecimento que merecem e que, tal como Santa Bárbara, só nos lembramos deles quando troveja.

Posto isto, acho verdadeiramente inacreditável que o senhor António Costa venha “tapar o sol com a peneira”.

É verdade que foram nove dias de “alerta laranja” e que chegou a haver 500 incêndios por dia mas, vir dizer que está tudo a correr muito bem porque “nunca houve mais de 27 incêndios por circunscrever por dia”, é surreal.

O ministro pode dizer que estão a ser tomadas todas as medidas possíveis, que as alterações introduzidas vão dar frutos em breve… não pode é dizer que ter quase 30 incêndios por controlar num dia é um bom resultado.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Elementar...

Segundo a Scotland Yard, foi hoje desmantelada uma operação terrorista que, alegadamente, se preparava para fazer explodir aviões de passageiros entre Londres e os Estados Unidos.

Neste momento estão detidas 24 pessoas, todas britânicas de origem paquistanesa, mas não se sabe muito mais, a não ser que os bombistas estariam a preparar-se para utilizar bombas líquidas transportadas dentro de malas de mão.

Neste post não me quero alongar em dissertações, até porque não há grandes pormenores e são muitas as perguntas sem resposta, mas há um pormenor que não gostaria de deixar passar.

Ao que se sabe, Estados Unidos e Inglaterra já tinham indicações dos Serviços Secretos de que estaria para acontecer algo muito grave num curto espaço de tempo. Tony Blair está de férias nas Caraibas...

Ora, a ser verdadeira a ameaça, das duas, três:
  • ou o Primeiro-ministro britânico é totalmente insensível perante uma eventual tragédia... e terá que ser demitido do cargo
  • ou o Primeiro-ministro britânico considera que a ameaça não é real... e terá que o afirmar para tranquilizar a população. Se não o fez errou... e terá que ser demitido
  • ou o Primeiro-ministro achou que a ameaça era tão real que ele próprio corria sérios riscos e, por isso, preferiu "pôr-se ao fresco". Sendo assim é um cobarde e um traidor e terá que ser demitido.

Convém que o senhor Blair escolha melhor as suas prioridades... numa, alegada, crise desta magnitude, as férias não seriam uma delas.

"Elementar, meu caro Watson"...

PS1: Seja como for, real ou não, nunca, em situação nenhuma, se poderá pactuar com um atentado desta magnitude.

PS2: Os terroristas têm uma grande vantagem em relação Às polícias: só necessitam acertar uma vez, as autoridades não podem falhar nunca.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Quem tem medo do lobo mau?

Portugal autorizou a passagem de aviões militares israelitas pela Base das Lajes, numa altura em que o Estado hebraico está em guerra no Líbano contra o Hezbollah.

Para além da questão moral (do nosso país estar a apoiar um país belicista em plena acção militar) ou de questões internacionais que nos obriguem (com ou sem aspas), a colaborar com Israel, o que mais me chamou à atenção foi a atitude comprometida do secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros.

Diz Manuel Lobo Antunes que Israel solicitou a aterragem e, depois de ouvido o embaixador israelita em Lisboa, a aterragem foi autorizada por se tratar de material bélico não ofensivo.

"Tivemos que decidir perante um caso concreto, com circunstâncias concretas, com condicionalismos concretos. Tínhamos vários elementos de informação e várias circunstâncias a que tínhamos que atender. Foi reunindo todas essas informações e circunstâncias que tomámos a decisão que tomámos".

O secretário de Estado acrescentou, no entanto, que Israel foi advertido que no futuro não seriam concedidas novas autorizações.

É que, das duas uma: ou não há problema nenhum e Israel pode vir quando quiser... ou Portugal não pactua com guerras destas e não pode deixar que aviões destes utilizem as Lajes como têm utilizado nos últimos meses.

Estas "meias tintas" e explicações atrapalhadas, meio a medo, com a "garantia" de que esta foi a única vez... isso é que não cola nada bem.

E aquela do "material bélico não ofensivo" é de chorar...

PS: Entretanto, a situação no terreno parece longe de uma solução e os civis continuam a morrer às centenas.

Portugueses de segunda

"A partir de Fevereiro de 2007 a construção de novas habitações vai começar a respeitar um conjunto de normas técnicas de acessibilidades para pessoas com deficiência.

Na prática, os projectistas e donos de obra terão de cumprir regras legais - que permitem eliminar as barreiras arquitectónicas - quando constroem habitações ou outro tipo de edifícios privados.

O objectivo das normas técnicas - aplicadas de forma gradual ao longo de oito anos no que respeita às áreas privativas dos fogos destinados à habitação - é melhorar as acessibilidade dentro e fora dos edifícios."


Sem mais comentários, gostaria só de reforçar o excerto desta notícia com algumas palavras a bold e lamentar que isto ainda aconteça num país (?!) civilizado (!?) e moderno (!?) em pleno século XXI.

Lamentável...

sexta-feira, agosto 04, 2006

Politiquices

Há um ditado qualquer que diz mais ou menos isto: Os amigos têm que estar por perto, os inimigos ainda mais perto".

Seguramente, a pensar neste ditado, dois países levaram a "coisa" à letra:

Polónia

O Presidente da República chama-se Lech KACZYNSKI e é Chefe de Estado desde Dezembro do ano passado quando ganhou as eleições. Já o Primeiro-ministro é Jaroslaw KACZYNSKI e foi nomeado pelo Presidente no mês passado.

Ora, como está bom de ver, o senhor Presidente escolheu o seu irmão (gémeo) para liderar o Governo.

Belíssima solução... assim tudo fica em casa.


Ucrânia

Já aqui, a solução foi outra: depois de quatro meses de crise política em que não foi possível formar Governo, o Presidente Victor Yuchtenko escolheu Victor Yanukovitch.

Ora, e quem é Yanukovitch: pois, nada mais nada menos que o líder da oposição, o maior rival de Yuchtenko, aquele com quem travou a batalha pela presidência.

A luta foi dura, renhida e até com envenenamentos à mistura.

Lá está, assim se resolve um problema político e se mantém o adversário controlado.

Gisberta

O Tribunal de Família e Menores do Porto condenou os 13 menores envolvidos no "caso Gisberta" a penas entre os 11 e os 13 meses de internamento em centros educativos. Os adolescentes foram acusados de agressões a um sem-abrigo e transsexual que viria depois a ser encontrado morto num fosso de um prédio do Porto.

Sem mais comentários, apenas uma pergunta:

E se, em vez da vítima ser um sem-abrigo, doente, transsexual, fosse um qualquer doutor, arquitecto, advogado, filho de alguém "importante"?

Ah... pois é.

terça-feira, agosto 01, 2006

Curtas e Grossas

De regresso à actividade "blogueira", apetece-me fazer “Tiro ao Alvo” e atirar a matar, rápida e certeiramente…

  • No Médio Oriente a situação agravou-se com Israel, em duas frentes, a atacar, especialmente civis, com o pretexto de que soldados seus foram raptados por “terroristas”. Resposta claramente desproporcionada... e quem sofre são os libaneses e os palestinianos.
  • No Iraque continuam os atentados constantes e a contagem sangrenta de vítimas. A comunidade internacional (os Estados Unidos) parecem incapazes de parar a escalada da violência.
  • Um tsunami na Indonésia fez centenas de mortos e, entretanto, enquanto de um lado do mundo se morre devido às cheias (India), do outro, morre-se devido à vaga de calor (Europa).
  • Por cá, estamos em plena “época dos incêndios” mas, para já, apesar de tudo, a situação está menos grave que em anos anteriores.
  • A polémica das últimas semanas teve a ver com os exames nacionais. As notas de Português e Matemática voltaram a descer, mas foi na Química e na Física que houve mais confusão com o Ministério a abrir um precedente e a autorizar a repetição de alguns exames.
  • A lista dos maiores devedores ao fisco está publicada na internet, numa espécie de “lista negra” que envergonhe os devedores. Todos foram várias vezes avisados da dívida antes da publicação e podem regularizá-la a qualquer momento. Curiosamente o CDS-PP foi o partido que colocou mais dúvidas a esta iniciativa.
  • Na Madeira, Alberto João Jardim e “sus muchachos” continuam a viver num mundo à parte em que tudo é permitido. Depois do episódio das vestimentas dos jornalistas no parlamento, eis que surge o habitual insulto ao Governo do Continente com o Primeiro-ministro a ser o principal alvo.
  • Entretanto, José Sócrates admitiu, em entrevista à SIC, que “aprende” (?!) com Cavaco Silva durante as reuniões semanais.

segunda-feira, julho 10, 2006

"Tiro ao Alvo"... a banhos

Nas próximas semanas, o "Tiro ao Alvo" vai estar "numa praia perto de si" e incontactável por qualquer via informática.

Reabriremos nos primeiros dias de Agosto com "pontaria afinada" ao que se for passando "no país e no mundo".

Sim, porque eu "vou andar por aí"...

"Época dos fogos"

Temos tido poucos incêndios mas, agora, que acabou o Mundial de futebol, corremos o risco de que venha aí a "época dos fogos".

O Governo garante que o país está melhor preparado para combater os fogos, vamos ver se as temperaturas e tudo o resto dão uma ajuda.

Infelizmente, o dia acabou mal com um grave acidente que fez seis mortos em Famalicão.

Que Deus ajude os bombeiros a combater a tragédia dos incêndios.

quinta-feira, julho 06, 2006

A brincar com o fogo

A Coreia do Norte lançou, pelo menos, sete mísseis "para teste" no dia 4 de Julho, o dia nacional dos Estados Unidos.

A comunidade internacional já criticou esta iniciativa, com especial destaque para Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul.

De recordar que se tem tentado, pela diplomacia, levar a que o regime de Pyongyang abandone a sua política nuclear, mas as negociações a seis não têm corrido bem.

Estes testes não ajudam nada a acalmar a situação e até já a China e a Rússia, os dois grandes países que têm evitado sanções internacionais, começam a pensar nisso.

Convém mesmo que os países se entendam e que os senhor Kim Yong Il tenha a cabeça no lugar para não provocar, mais cedo ou mais tarde, uma guerra à escala mundial, até com utilização de armas nucleares.

É realmente impressionante como um país como uma Coreia do Norte (uma das ditaduras que ainda resiste) se dê ao luxo de deixar morrer pessoas à fome para se entreter com perigosos "brinquedos de guerra".

Situação para continuar a acompanhar com apreensão.

terça-feira, julho 04, 2006

Necessidades...

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros deixou o Governo, alegadamente por motivos de saúde. Aliás, Freitas do Amaral até já foi operado e, felizmente, a operação terá corrido bem.

Independentemente desta questão, que obviamente, condiciona qualquer pessoa (e especialmente um MNE que tem sempre que viajar e até que preparar uma presidência da UE), há quem diga que essa não foi a única razão.

Não quero especular muito sobre isso, mas o certo é que, para além de aspectos positivos que possam ser destacados (o Primeiro-ministro lembrou as negociações do quadro comunitário de apoio) há algumas "gaffes" que marcaram estes 15 meses.

Sem pensar muito destaco duas que são, seguramente, as que as pessoas mais recordam: o caso dos cartoons e o caso dos emigrantes no Canadá. Por outro lado há um eventual mal estar com o embaixador dos Estados Unidos.

Enfim, curioso é notar também que os primeiros que criticaram Freitas do Amaral, agora deixam o receio para o sucessor. A oposição nunca está satisfeita, mas também é esse o seu papel.

Para a Palácio das Necessidades segue Luís Amado, um homem experiente, até porque já por lá passou como secretário de Estado (ele sim um pró-Estados Unidos) que deixa a pasta da Defesa para Severiano Teixeira (um regresso ao Governo, agora noutra pasta).

Nota também para o facto (destacado por todos) do Executivo já ter perdido as suas duas "estrelas" (Campos e Cunha e, agora, Freitas do Amaral), o que vale o que vale, mas...

Por outro lado, esta não é ainda a remodelação que a oposição pede e exige. Sócrates continua a segurar a sua equipa, mas estará o guardar o "refresh" do seu plantel para outra altura. Dois ou três ministros suspiram de alívio.

sexta-feira, junho 30, 2006

O sítio em que vivemos IV

Esta é mais uma daquelas que está ao alcance só dos países especiais e que, portanto, o nosso país é pródigo.

O presidente da Câmara de Sintra discutiu na reunião da autarquia a atribuição de um subsídio de cerca de 20 mil contos a Betty Grafstein e José Castelo Branco para as obras na casa de ambos na vila.

Fernando Seara justifica-se com o facto das obras exteriores na mansão "ajudarem a melhorar o aspecto da vila".

Talvez por problemas de consciência, o autarca retirou a proposta à última hora para "reanalisar" o processo.

Por mim, tudo bem para o apoio à "lady" desde que não seja uma situação de excepção e todos os sintrenses com casas em obras possam receber o apoio da sua autarquia.

quinta-feira, junho 29, 2006

"Chuva de Verão"

É este o nome da operação israelita na Faixa de Gaza que decorre desde ontem à noite com o objectivo, oficial, de libertar um soldado hebraico que foi sequestrado por militantes palestinianos.

Menos de um ano depois de terem acordado a retirada de alguns colonatos judaicos da região, israelitas e palestinianos voltam a desentender-se de forma evidente.

Israel diz que só recua se o soldado Gilad Shalit for "devolvido" e a Autoridade Palestiniana acusa o Governo de Olmert de estar a dificultar a situação com esta iniciativa.

Apesar de dizer que não quer reocupar as zonas que deixou em Agosto, Israel mantém o cerco.

Para além deste incidente grave, há ainda o caso não resolvido do Hamas estar a liderar o Governo palestiniano. Israel, a comunidade internacional e até a Fatah não estão a aceitar a situação e as populações é que estão a sofrer.

Vamos ver como acaba esta "chuvada"... a coisa está "preta" e pode ser grave.

quarta-feira, junho 28, 2006

O sítio em que vivemos III

O nosso país tem coisas "extraordinárias" e não deixa de surpreender. Reparem em mais esta "pérola" revelada pelo "Público" e que nos faz regressar ao processo "Apito Dourado".

Vou, sem mais comentários, transcrever os primeiros parágrafos da notícia:

"O coordenador de investigação, responsável pela área de criminalidade económica e financeira, na directoria da PJ de Coimbra, Nuno Maurício, é um dos novos vice-presidentes da recém-empossada direcção de Aprigio Santos à frente da Naval 1º de Maio, o clube da Figueira da Foz que está inscrito na Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

Aprígio Santos é um dos arguidos das certidões nascidas do processo Apito Dourado e Nuno Maurício foi também o responsável pela detenção dos familiares do juiz Artur Oliveira, em Maio de 2004, e que motivou então a queda da direcção da PJ do Porto - que um mês antes havia desencadeado a maior investigação de sempre ao futebol português, com buscas em vários clubes do país, entre eles a Naval".

in "Público"

segunda-feira, junho 26, 2006

Sol Nascente

A situação em Timor-Leste continua instável depois de várias semanas de quase guerra civil.

Primeiro foi um conjunto de ex-militares a revoltar-se, depois milícias armadas por elementos do Governo a entrarem em acção, uma alegada divisão entre timorenses, manifestações nas ruas, as divergências entre o Presidente da República e o Primeiro-ministro, a interferência australiana... tudo ingredientes que levaram à actual situação.

O último capítulo conhecido é a demissão confirmada de Mari Alkatiri e não havia outra solução.

De toda esta situação, algumas coisas parecem claras:

  • Xanana Gusmão é imprescindivel e não pode deixar a Presidência
  • Os envolvidos nesta crise devem ser todos encontrados para que a situação acalme
  • Os timorenses devem decidir por si e não se deixar influenciar por terceiros (leia-se Austrália ou Indonésia)

Espero que esta crise seja só "dores de crescimento" e não represente que Timor é inviável enquanto Estado independente.

sábado, junho 03, 2006

A força do futebol

Mais uma vez o mundo desportivo interfere com o mundo da política.

Desta vez, a bola vai conseguir fazer com que os nossos deputados se levantem mais cedo da cama e façam a sessão parlamentar de dia 21(*) da parte da manhã e não de tarde, como habitualmente.

Esta é a segunda vez que os nossos deputados se levantam cedo para ir trabalhar: a primeira foi, há uns anos, por culpa de Belmiro de Azevedo e, portanto, é digna de nota.

Por um lado lamento que os nossos deputados (talvez por serem o espelho do país) só se mobilizem por causa do futebol, e pouco mais. Que bonito seria ver os nossos deputados a trabalharem, com vontade, para bem do país.

Por outro lado, apesar de tudo, prefiro esta solução (que finta os horários) a mais uma escandalosa falta colectiva que se estaria certamente a preparar. O que já me custa mais a entender é a facilidade e a ligeireza com que os nossos deputados assumem a "preferência futebolistica".

Quantos milhões de portugueses gostariam de ter a facilidade dos nossos deputados e a possibilidade de, a uma quarta-feira, não ir trabalhar para ficar a ver o jogo? Eu, certamente, seria um deles, mas não posso.

(*) Dia do Portugal - México, 15 horas, 3º jogo da primeira fase.

Boa pergunta

No fim-de-semana passado, o Papa questionou em Auschwitz o silêncio de Deus durante o Holocausto.

Eu próprio já fiz a mesma pergunta de Bento XVI noutras ocasiões "estóricas" mas, já agora, alargo a situações do nosso dia a dia: os milhões de pobres, os doentes, os oprimidos...

Realmente faz impressão e é mesmo necessário ter um grande estômago para conviver com isso.

segunda-feira, maio 15, 2006

"General sem Medo"

Porque há heróis que não podem ser esquecidos, gostaria só de lembrar que, se fosse vivo, Humberto Delgado faria hoje 100 anos.

Dissidente da Ditadura de Salazar teve o ponto alto da sua vida em 1958 ao ir contra o regime e concorrer contra Américo Tomás nas presidenciais.

Dai veio a sua frase mais célebre: "Obviamente demito-o", referindo-se ao presidente do Conselho Oliveira Salazar.

Nas urnas venceu mas foi vítima de fraude eleitoral, foi perseguido e teve que se exilar no Brasil. Tentou fazer cair o Governo mas falhou.

Acabou por cair numa cilada da PIDE (#) e foi assassinado em Espanha, perto de Badajoz, em 1965.

(#) O PIDE Rosa Casaco continua por aí e, agora, até já escreve livros... Este país, às vezes, é muito injusto.

Bebés...

Nasci em casa, de sete meses, sem assistência, porque o médico que acompanhava a minha mãe a mandou para casa sem analisar devidamente o caso.

Passando por cima de outros pormenores que complicaram ainda mais a questão, o meu azar não foi não ter maternidade à porta de casa (que não tinha e ainda não tenho), o problema foi a incompetência de um médico que não percebeu que estava perante uma gravidez de risco.

Vem isto a propósito porque a polémica das maternidades continua e a troca de argumentos continua...

O Governo baseia a decisão de fechar com um estudo feito por especialistas, as autarquias e populações afectadas defendem-se com outros estudos e com o risco da desertificação e, já agora, com o direito dos bebés "nascerem em Portugal".

Obviamente, não sou especialista, mas, confesso, que me sinto tentado a apoiar esta medida do Executivo e a minha "dúvida" foi tirada por Albino Aroso, aquele que é chamado o "pai do planeamento familiar" e que, quando esteve no Governo PSD, mandou encerrar 150 maternidades.

Graças a estas e outras medidas, Portugal tem hoje uma das menores taxas de mortalidade infantil do mundo e este é um facto de que nos devemos orgulhar.

Se, agora, as quatro maternidades em causa realizam menos partos, têm falta de médicos especialistas e poêm em risco os bebés e as crianças então devem mesmo encerrar.

Desde, claro, que possam ser devidamente acompanhados e monitorizados por profissionais competentes e especializados.

Convém, já agora, referir que uma família não tem filhos todos os dias e que os bebés não nascem de geração espontânea. Por isso, uma maternidade não é uma valência que tenha que estar, obrigatoriamente, à porta de casa.

quarta-feira, maio 10, 2006

“Seja bem-vindo quem vier por bem”

É assim que canta o grande Zeca Afonso numa das suas canções mais conhecidas.

Vem isto a propósito da iniciativa da Câmara de Vila de Rei que, face à desertificação da localidade, decidiu apostar em jovens famílias brasileiras para repovoar a localidade.

A habitação, o emprego e o visto de residência ficam, para já, a cargo da autarquia e as primeiras quatro famílias escolhidas chegaram no passado dia 4. Mais vão chegar nos próximos tempos.

A questão é simples: se os portugueses fogem do interior como “o Diabo da Cruz”, se os brasileiros, conhecendo as regras do programa, quiseram arriscar, não vejo razão para não aplaudir esta medida.

Só espero é que algumas “mentes brilhantes” não venham, mais tarde ou mais cedo, com atitudes xenófobas ao primeiro caso que apareça.

domingo, maio 07, 2006

Ah, e tal…

Depois de 30 anos de democracia, fiquei esta noite a saber para que serve um deputado da Nação.

A explicação surgiu por Pires de Lima, deputado do CDS-PP, em jeito de pergunta, durante o congresso do seu partido na Batalha.

“Quando eu estou no Parlamento a irritar o PS e o Governo não estou ao serviço do CDS, não estou a servir o presidente do partido?”

Claro que sim.

Então é isto que eles fazem… Estou esclarecido.

terça-feira, maio 02, 2006

1º de Maio

Agora que terminou mais um 1º de Maio, o Dia do Trabalhador, gostaria só de deixar duas notas que penso ser necessário não esquecer.

Portugal tem:
  • quase 500 mil desempregados
  • dois milhões de pobres

E como se isto não bastasse é o mais desequilibrado da União Europeia, ou seja, Portugal é o país em que os ricos são mais ricos e os pobres mais pobres.

Entretanto, mesmo quem tem o privilégio (é mesmo esta a palavra) de ter emprego e estar a trabalhar não está seguro porque com as teorias neo-liberais, a defesa da flexibilidade e o corte de direitos adquiridos, nunca se sabe o que poderá acontecer.

Por favor, alguém que ponha mão nisto, nem que seja o Presidente da República e o seu Roteiro Social.

segunda-feira, maio 01, 2006

Guerra Civil

Portugal está na cauda da Europa em (quase) todos os índices positivos da União Europeia, mas, infelizmente, neste somos líderes destacados.

Está na estrada uma nova operação da Brigada de Trânsito da GNR, agora chamada "Primavera", mas, mais uma vez, os números são trágicos.

Desde sexta-feira morreram 14 pessoas (mais do dobro das que morreram o ano passado no mesmo período), outras 24 ficaram gravemente feridas e 267 sofreram ferimentos ligeiros, em 684 acidentes. Só hoje, foram quatro as vítimas mortais.

Estes números são assustadores e, por mais operações da BT ou campanhas de sensibilização que se façam, não parece haver maneira de os melhorar.

É certo que as estradas não são boas - e até já foram piores -, que a sinalização é péssima em algumas situações mas - não me lixem - o principal problema são os condutores e a sua completa falta de civismo.

A maioria dos portugueses não cumpre as regras de trânsito, não respeita o próximo e, pior do que isso, arrisco mesmo dizê-lo: não sabe conduzir.

Alguém tem que pôr mãos nisto... seja melhorando a sinalização, aumentando as operações STOP e as multas, baixando ainda mais o nível de alcoolemia ou até mandando toda a gente de volta à escola de condução.

quarta-feira, abril 26, 2006

Malária

Esta terça-feira foi o Dia Mundial contra a Malária. Os números da doença são assustadores.

Só em África a malária mata um milhão de pessoas por ano e na Guiné Conacri é mesmo a principal causa de morte.

Segundo os "Médicos Sem Fronteiras", a doença mata uma criança a cada 30 segundos.

Vale a pena pensar nisto...

terça-feira, abril 25, 2006

Sinais dos tempos?

Comemoraram-se hoje os 32 anos da "Revolução dos Cravos" e da chegada da Liberdade ao nosso país, após quase 50 anos de ditadura.

Queria, no final do dia, deixar três nota preocupantes:


  • Pela primeira vez um Presidente da República (Cavaco Silva) participou nas cerimónias oficiais sem ter um cravo na lapela.
  • As bancadas da direita no Parlamento não aplaudiram os Capitães de Abril
  • Muito poucos deputados e dirigentes do PS participaram no desfile do 25 de Abril

Espero que estes dados sejam, só e apenas, coincidência e que não correspondam ao princípio do fim do 25 de Abril e do que ele representa.

segunda-feira, abril 24, 2006

25 de Abril... Sempre

Alberto João Jardim não vai permitir que amanhã se comemore(*) oficialmente o 25 de Abril na Madeira.

Pior do que isso, o presidente do Governo Regional do arquipélago vai, ao que parece, festejar o “24 de Abril”, lembrando a ditadura e criticando a Revolução e os 32 anos de Democracia.

Por muito que custe a algumas pessoas (acredito que uma minoria), o dia que se comemora(*) amanhã é de fundamental importância para o nosso país.

É justamente graças a este dia e, claro, ao que ele representa, que alguém como Jardim pode dizer as alarvidades que diz e fazer o que faz, sem que nada lhe aconteça.

Já vamos no quarto Presidente da República e em não sei quantos líderes do PSD e todos têm assobiado para o ar como se nada fosse.

Por outro lado, para além do fundamental ganho de Liberdade, é preciso não esquecer que foi a partir daí (depois reforçado com a entrada na União Europeia) que Portugal se começou a desenvolver e a, aos poucos, recuperar o atraso provocado por quase 50 anos de “orgulhosamente sós”.

Obviamente que nem tudo correu como estava planeado, nem todos os “D” (Democratizar, Descolonizar e Desenvolver) do 25 de Abril se cumpriram como deveriam e há muito por fazer.

Na "Revolução dos Cravos" nem tudo foram "rosas" e, claro, todas as rosas têm espinhos.

Estamos, aliás, numa altura deveras complicada com quase 500 mil desempregados e, além disso, com o nosso país a ser precisamente o mais “desequilibrado” da União Europeia no balanço entre ricos e pobres e isso é muito preocupante.

Queria, já agora, aproveitar para homenagear os Capitães de Abril em geral e Salgueiro Maia em particular, um herói, infelizmente, algo esquecido.

(*) Reparem que escrevi “comemora”, não escrevi “assinala” ou “passa” e a escolha é intencional. Não patrocino a tentativa de branqueamento de um dos mais importantes dias da História de Portugal.

sexta-feira, abril 14, 2006

Pecador

Assumo: sou um grande pecador.

Já o sabia, sempre o soube (normalmente não vou à missa, só me lembro de "Santa Bárbara quando troveja"), apesar de não o fazer por mal... até tive uma educação católica.

O que não sabia é que estou a piorar. Aliás, neste exacto momento peco: estou a escrever um post num dos meus blogs, a televisão está ligada, tenho um jornal junto a mim... e ainda (como dizia o outro) tenho alí uma revista com a Soraia Chaves na capa.

Pois é, vem isto a propósito dos "novos" pecados, apresentados pelo cardeal Francis Stafford, que, segundo diz "diminuem a fé cristã".

Não sei se é com estas ideias que a Igreja vai recuperar fiéis... e mais não digo (lá estou a lembrar-me do outro).

quinta-feira, abril 13, 2006

119

Não, este não é nenhum novo número de emergência, é "apenas" o número de senhores deputados que foi de férias e se baldou ao trabalho.

Quando chegou a altura de votar, o presidente da Assembleia da República reparou que dos 230 deputados só 111 estavam presentes.

Como o quórum obriga a 116, a votação de nove diplomas foi adiada.

Que belo exemplo nos dão os nossos deputados, que dedicação ao trabalho, que caso extremo de serviço público e amor à causa.

É caso para dizer: Belos empregos.

Xutos e Pontapés

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) considera "lícitas" e "aceitáveis" as palmadas e estaladas aplicadas por uma responsável de um lar de Setúbal a crianças com deficiências mentais. O STJ diz que fechar crianças em quartos é um castigo normal de "um bom pai de família" e que as estaladas e as palmadas, se não forem dadas, até podem configurar "negligência educacional".

Depois de ver este acórdão confesso que fiquei com receio das decisões que estes senhores juizes tomam.

Não consigo perceber que se defenda ou se aceite com esta ligeireza que palmadas e estaladas sejam empregues para educar crianças, ditas "normais", mas especialmente para educar deficientes.

Atenção, não estou a dizer que nunca se deve bater nos meninos (eu próprio levei algumas palmadas e isso não me fez mal nenhum). O que estou a dizer é que as palmadas devam ser o último recurso, após uma série de outras opções e alternativas pedagógicas.

Não sou eu que o digo - não sou obviamente especialista - dizem-no vários especialistas (psicólogos, psiquiatras, educadores de infância) que ouvimos durante o dia em reacção a este caso.

É necessário ter ainda em atenção que as palmadas (ou pior, por exemplo, fechar crianças em quartos escuros) deixam, para além de marcas físicas, marcas psicológicas que vão depois reflectir-se na vida adulta e podemos ter uma uma "passagem de testemunho" de pai para filho.

Espero, quando os tiver, não ter que bater nos meus filhos.

PS: Nesta altura apetece-me é dar umas palmadinhas nos senhores juizes.

quarta-feira, abril 12, 2006

Menino mimado

A maioria dos eleitores decidiu que a Itália devia virar à esquerda ou, para sermos mais correctos, decidiu livrar-se de Silvio Berlusconi.

No fim das contas a grande coligação de centro-esquerda venceu na Câmara de Deputados e na Câmara do Senado.

A vantagem foi curta, muito curta, (25 mil votos), a incerteza durou muitas horas, e só um "prémio" atribuido ao vencedor vai permitir a Prodi começar a governar com alguma segurança.

No entanto, apesar dos votos já terem sido contados e estarem oficializados, Berlusconi não aceita os resultados, não assume a derrota e denuncia fraudes.

É curioso que seja Berlusconi a falar nisto. Enfim...

Em democracia, há que saber ganhar e perder e há que saber sair na altura certa.

segunda-feira, abril 10, 2006

País do "faz de conta(s)"

É dito e redito que Portugal está em crise e há muitos milhares de portugueses em dificuldade. Os desempregados são 500 mil e é difícil pagar os empréstimos da casa e/ou do carro.

No entanto, apesar disso, há quem não tenha ou não pareça ter essas dificuldades.

É que estamos em plenas férias da Páscoa e as agências de viagem exultam com o aumento da procura: Algarve, mas especialmente Brasil, México ou Cabo Verde, são os destinos mais procurados.

Aliás, como se pode ver "Este ano a Páscoa foi um êxito"...

Ainda bem que há estes oásis para desanuviar a cabeça. Vamos ver depois quando chegar o fim do mês e voltarmos a aterrar no "mundo real"

Marbella

Costuma dizer-se que "De Espanha nem bom vento, nem bom casamento". No entanto, todas as regras têm excepções.

No princípio do mês, a autarca de Marbella foi detida no âmbito de um processo de corrupção que envolve milhões de euros.

Juntamente com a senhora Marisol Yague foram também constituidos arguidos um assessor e um empresário, entre outros, num total de 23 pessoas.

Sem mais comentários... que pena Marbella não ser Felgueiras.

segunda-feira, abril 03, 2006

Imigrante, emigrante

Não gosto de ver cidadãos portugueses serem "chutados" dos países que escolheram para tentar melhorar as suas vidas.

Estes recentes casos do Canadá fazem alguma impressão porque são pessoas que estavam no país há vários anos, alguns já com filhos nascidos lá, com trabalho, ao que consta pagando os impostos respectivos e há algum tempo a tentar a legalização.

Por outro lado, algumas famílias queixam-se que foram avisadas com 15 dias de antecedência, o que o Ministério dos Negócios Estrangeiros desmente.

Seja como for, há diferenças que é necessário fazer e, daí, tirar ilações. Encontro três situações distintas:

- uns estão plenamente integrados (com raizes) e poderiam (deveriam) ser tratados com mais respeito por Otava.

- outros terão sido enganados por "empresas" de recrutamento, com promessas de vida fácil, trabalho e casa garantida. Aqui é caso de polícia e é necessário acabar com estas redes organizadas.

- "last but not least" há os portugueses "chico-espertos" que foram para o Canadá com o estatuto de refugiados políticos e/ou religiosos (!). Esses, só pela "lata", são bem expulsos.

Freitas do Amaral foi ao Canadá perceber o que se estava a passar. Ao que parece trouxe de lá a garantia essencial: "isto" não é uma perseguição à comunidade portuguesa.

Nota final para os partidos de direita que, no nosso país, querem apertar as malhas da imigração.

Não se esqueçam de dois aspectos: Portugal precisa de imigrantes, Portugal é país de (muitos) emigrantes.

sábado, abril 01, 2006

Geração à rasca

Jacques Chirac promulgou o (muito) polémico Contrato de Primeiro Emprego (CPE) em França, bem antes do final do prazo, mas tenta acalmar os manifestantes com duas alterações.

Antes de mais, convém recordar que esta lei permitiria que qualquer jovem até 26 anos fosse despedido nos primeiros dois anos de contrato sem justa causa.

Ora, tendo em atenção o articulado desta lei neo-liberal parece-me perfeitamente normal que os jovens tenham vindo para a rua protestar.

A lei, tal como estava a ser proposta, era, no mínimo, injusta e discriminatória, já para não dizer escandalosa.

Agora, o Presidente francês tornou-a, aparentemente, mais suave ao obrigar a que seja esclarecida a causa do despedimento e ao dimunuir de dois para um ano o prazo em que o CPE está em vigor.

Estas são decisões no bom sentido e que, finalmente, mostram algum bom senso do Chefe de Estado francês. Vamos ver se são suficientes e como as aceitam os jovens manifestantes.

quinta-feira, março 30, 2006

Falou e disse...

O Presidente venezuelano continua a "disparar" contra George W. Bush e de forma cada vez mais dura.

No passado dia 20, na sua habitual declaração semanal, Hugo Chavez não foi nada meigo com o seu homólogo norte-americano.

"Mr. Danger, you are a donkey" foi o mínimo que se ouviu da boca do líder venezuelano.

"És um perigo, és um ignorante, és um burro", "cobarde" e "genocida", disse Chavez de Bush.

segunda-feira, março 20, 2006

IRAque

Assinalam-se hoje três anos desde o início da guerra do Iraque.

Sob falsos pretextos, os norte-americanos iniciaram uma operação militar que, agora, estão com dificuldades em controlar.

A ONU foi chutada para canto e o mundo enganado: não havia armas de destruição maciça, nem ligações à Al-Qaeda.

Agora, os "senhores da guerra", incluindo Durão Barroso, já assumem isso, mas o mal está feito.

É verdade que capturaram Saddam, mas ninguém pode dizer que o país esteja melhor.

É verdade que já aconteceram eleições e a participação foi massiva, mas ninguém pode afirmar que o país vá caminhar para uma democracia À ocidental.

Milhares de pessoas, inocentes, morreram nestes três anos, a instabilidade é diária e não parece ter fim...

Xiitas, curdos e sunitas dificilmente vão conseguir entender-se.

Entretanto, não querendo aprender com os erros, nem com os alertas, George W. Bush continua a falar (e a defender) em "guerras preventivas".

Como se lia num cartaz em Lisboa: "Depois do Iraque, para ondeIRÃO a seguir?"

segunda-feira, março 13, 2006

Um ano...

O Governo assinalou este domingo o seu primeiro aniversário. Tal como no futebol, prognósticos só no fim do jogo.

Para já, há aspectos positivos e negativos, mas confesso que esperava mais e melhor da equipa Sócrates, especialmente porque a maioria absoluta é forte, porque o Presidente da República era favorável e porque a oposição estaria, mais ou menos, em reconstrução.

Gosto que o Executivo tenha acabado com alguns privilégios de algumas classes e que esteja a fazer do combate à fuga aos impostos uma das suas lutas principais. De todos os ministros destaco Maria de Lurdes Rodrigues na Educação, que deve continuar a ser prioritária.

Acho que está na altura de se combater o desemprego seriamente, ao mesmo tempo que se deve apoiar, por um lado, quem mais necessita (os idosos e as famílias desfavorecidas) e, por outro, quem está em início de vida (os jovens à procura do primeiro emprego).

A vertente "socialista" deveria ser reforçada, apesar de se estar em crise.

Depois à áreas que necessitam de atenção: a Justiça (no geral) e o novo PGR (em particular), a Saúde (os novos hospitais, as novas taxas, os medicamentos e o lobby das farmácias) e o Ambiente (a co-incineração, as energias alternativas, a energia atómica).

Falta ainda que me convençam que a Ota e o TGV são absolutamente necessários.

parece, agora, que o novo amor do Governo é a Finlândia. Percebe-se bem porquê (lidera quase todos os rankings positivos da Europa), não sei se alguma vez lá chegaremos.

A corrupção, o clientelismo e o amiguismo estão instalados em detrimento do mérito e, enquanto assim for...

domingo, março 12, 2006

Como é possível?

"O emprego não é o nosso maior problema, não é pelo menos o maior problema do colectivo, não é o maior problema que a vida pública deva assumir e penso que cometeríamos um erro profundíssimo de transformássemos o emprego na prioridade das prioridades da acção política e governativa".

É o que diz Daniel Bessa, antigo ministro da Economia, no segundo dia das Semanas Sociais Portuguesas, organizadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.

Juro que só acredito que o homem disse isto porque ouvi as suas declarações, mas ainda não estou em mim.

Isto depois de, há algumas semanas, o mesmo personagem ter dito que apoiava o fim do subsídio de desemprego e das reformas.

Acho inacreditável, acho mesmo vergonhoso, que um ex-governante e pessoa com altas responsabilidades tenha o descaramento de fazer este tipo de comentários.

Numa altura em que há cerca de 500 mil desempregados e cerca de dois milhões abaixo do limiar da pobreza, não concebo e não admito que essa não seja a prioridade de um Governo do meu país.

quinta-feira, março 09, 2006

A troca...

Esta quinta-feira de manhã, Jorge Sampaio é substituido por Cavaco Silva na Presidência da República.

Sem mais comentários, nesta altura, só me apetece repetir um título do "Inimigo Público" de há algumas semanas:

"Já só faltam dez anos"

segunda-feira, março 06, 2006

Em grande...

No texto de abertura da 78ª cerimónia dos Óscares, o grande Jon Stewart não perdeu a oportunidade de mandar umas bocas à administração Bush.

Aqui fica uma: "Nos filmes deste ano, há vários temas importantes como a corrupção, a censura, o racismo... É por isso que vamos ao cinema: para escapar".

Certeiro... infelizmente.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

A invasão

O caso do “envelope 9” teve mais um desenvolvimento surpreendente esta semana.

Três jornalistas do jornal “24 Horas” terão sido constituidos arguidos depois de um juíz de Instrução, um procurador do Departamento de Investigação e Acção Penal e investigadores da Polícia Judiciária terem entrado pela redacção e investigado, em especial, o computador de um jornalista que divulgou as listas com os registos telefónicos do processo Casa Pia.

Acho realmente extraordinário que a Procuradoria se preocupe mais com os jornalistas, que estão simplesmente, a fazer o seu trabalho, do que com a investigação em si.

É fantástico que os jornalistas sejam considerados os maus da fita e o MP, a Procuradoria ou a PJ não consigam evitar as fugas de informação.

Por outro lado, esta invasão pode pôr em causa o trabalho e um jornalista. Sem segurança, nenhuma fonte mais vai “avançar”.

O sigilo profissional é um direito fundamental e não pode ser posto em causa por ninguém, isto se ainda vivermos numa Democracia.

Começo a duvidar...

PS: Fantástica a capa de ontem do “24 horas”, demonstra unidade, solidariedade, convicção, coragem...

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

O negócio do século

Se avançar, a compra do Grupo PT pela Sonae é algo de extraordinário (em vários sentidos) no nosso país.

Belmiro de Azevedo lança-se no "negócio da sua vida" (aquele que poderá ser o último antes de passar a pasta ao filho) e entra para "ganhar à primeira volta".

São mais de 11 (?!) mil milhões de euros que estão envolvidos nesta transação (se for realizada a 100%) e só este número respeitável já assusta.

Mais incrivel ainda é que a Sonae é cinco (5) vezes mais pequena que a PT e, só assim, se percebe a tremenda audácia deste negócio.

É certo que, a apoiar o "senhor Sonae", estão o Banco Santander e, eventualmente, a France Telecom, que terá sido avisada da operação apenas na véspera, mas isso, de maneira nenhuma, tira mérito ao empresário português.

Agora, ao que parece, o processo vai ser longo e pode ter ainda outros personagens (ao que consta estará a ser preparada uma contra-OPA com o BES a liderar e há ainda a Telefónica), mas foi iniciado um caminho que parece não ter retrocesso: a PT vai mudar de mãos.

Vamos ver como tudo vai ficar... vamos especialmente esperar que, fique como fique este negócio, por um lado, a PT melhore os seus serviços e, por outro, a concorrência esteja assegurada.

Achas de uma fogueira

As 12 caricaturas de Maomé publicadas primeiro na Dinamarca e depois em vários jornais europeus continuam a dar que falar.

Manifestações em alguns países (europeus e islâmicos), distúrbios, ameaças de morte, apelos à calma, explicações várias - tudo tem acontecido nas últimas semanas.

Para a religião muçulmana é proibido representar o Profeta e, portanto, estas imagens são consideradas atentatórias, especialmente por parte de grupos radicais.

É certo que para nós, ocidentais, que baseamos a nossa sociedade em direitos como a liberdade, a democracia, a tolerância, a fraternidade, e, já agora, na separação entre o Estado e as Igrejas, parece-nos estranho este fanatismo por culpa de um "turbante bomba", mas o certo é que, talvez por isso mesmo, poderiamos ter algum cuidado.

A liberdade de impresa deve ser assegurada, mas, a repetição destas imagens, ao longo dos últimos meses (tudo começou em Setembro) talvez pudesse ter sido evitada.

Os grupos radicais são isso mesmo, radicais, fanáticos, e, enquanto tal, estão desejosos que o "inimigo" lhes dê uma "desculpa" para actuar.

No fundo, esta insistência não resolveu nenhuma questão e só lançou gasolina para uma lareira que já estava acesa.

A solução só pode passar por grupos de muçulmanos moderados, equilibrados, que, de uma vez por todas, expliquem que o Islão não é "isto"e defende exactamente o contrário (a tolerância e o respeito pelo outro).

PS: só para assinalar - este é o centésimo "tiro" neste blog.

A Palestina e o Hamas

O Hamas venceu as eleições palestinianas e deixou o mundo ocidental em "estado de choque".

Este "grupo terrorista", responsável por muitos dos atentados contra Israel ao longo dos anos, superou, surpreendentemente, a Fatah.

Agora, o processo de paz do Médio Oriente teve um percalço, já que o Hamas não reconhece Israel e estes recusam-se a dialógar enquanto estes não depuserem as armas.

Seguramente as partes vão ter que entender-se, seguramente com os Estados Unidos e a União Europeia pelo meio, e vão ter que recuar...

A Palestina já foi considerada o "primeiro Estado terrorista", dada esta vitória, mas o Hamas continua a chamar terrorista ao Estado de Israel.

O que é certo é que o Hamas tem o apoio do povo palestiniano e, no terreno, esta organização tem um intenso trabalho social de apoio aos mais desfavorecidos, o que, por certo, lhes valeu a vitória.

Em última instância, o facto do Hamas ir liderar o Governo, com ou sem Fatah, pode até acabar por ajudar o processo de paz. Deixando as armas e com as iniciativas sociais no terreno, a Palestina pode avançar.

Vamos ver, por um lado, como Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestiniana, gere o processo do novo Executivo e, por outro, como reage Israel à, eventual, democratização do Hamas.

As eleições de Israel estão para breve e não é indiferente saber quem vai ganhar. Olmert e Netanyahu são pessoas bem diferentes.

terça-feira, janeiro 31, 2006

Provas ou a falta delas

Uma das, anunciadas, prioridades deste Executivo é o combate à fraude e evasão fiscal.

Por mim, tudo bem. Há muito que atacar nessa área. O problema é o “ângulo de ataque”.

Sabe-se, é do senso comum, que são os mais ricos e poderosos que, com truques, subterfúgios e extrema “lata”, fogem e não pagam impostos.

A classe média, que trabalha para outrem, e os velhotes coitados, que trabalharam durante toda a vida, mas que, por esta ou aquela razão, nem sempre descontaram e recebem pensões de miséria, é não tem hipótese de fugir ao inevitável.

Dito isto, recordo que o Estado vai passar a exigir uma prova de rendimentos aos pensionistas com reformas inferiores a 14 salários mínimos nacionais, ou seja, cinco mil e 400 euros por ano.

A prova tem de ser apresentada no respectivo Centro de Saúde até dia 31 de Março de cada ano, a começar neste, e quem não o fizer perde o direito à comparticipação acrescida de medicamentos.

A questão que se coloca é: não haveria maneira de fazer este controlo, daqueles que enganam o Estado e recebem o que não deviam receber (aliás como acontece também com o Rendimento Mínimo Garantido), sem incomodar os idosos que, sem dúvida nenhuma merecem continuar a receber as pensões e a comparticipação acrescida para os medicamentos?

Seguramente que havia…

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Ordem de Mérito

Alguém, por favor, que me explique porque razão o Presidente Jorge Sampaio condecorou esta quarta-feira um grupo de 21 empresários portugueses.

Que “funções públicas ou privadas, sem interesse pessoal, com actos meritórios em favor da colectividade” tiveram estes senhores?

Para além de engordarem as respectivas contas bancárias, que mais fizeram estes senhores?

Sinceramente, não consigo entender.

De saída de Belém, não poderia o Chefe de Estado ter encontrado 21 desconhecidos, da sociedade civil, que, realmente, tivessem feito algo “sem interesse pessoal, em favor da colectividade”?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

O voto…

Realizaram-se ontem as eleições presidenciais, o terceiro acto eleitoral em menos de um ano.

Agora, se tudo decorrer normalmente, os portugueses só voltam às urnas daqui a três anos e tal.

O que acho incrível é que várias pessoas, incluindo políticos e até o novo Chefe de Estado, digam: “Ainda bem, finalmente”, como se ir a votos fosse “uma chatice”, uma “perda de tempo”.

Ir a votos é saudável e desejável, é a arma do povo e deve ser utilizada sempre que se justificar.

O facto dos portugueses irem a votos democraticamente nunca pode ser considerado um empecilho para o desenvolvimento do país.

O voto é a voz do povo que não pode ser calada por ninguém. Tem que ser o país a escolher o que quer fazer, para onde ir, se quer ou não alternância.

Isto é que é a democracia e isso não pode ser alterado por nenhum (bolo)-Rei.

PS: Continuo a achar que, salvo motivos de força maior, não votar é uma falta de respeito, por si próprio, pelos outros e por aqueles que muito lutaram para nos livrar da ditadura.

Faltou um bocadinho assim…

Cavaco Silva lá chegou a Belém com 50.59% dos votos validamente expressos.

O “senhor do bolo” ganhou e democraticamente é obrigatório felicitá-lo pela vitória. Agora, ele não é o meu Presidente e há vários culpados para este triunfo.

O meu desejo por uma segunda volta nas presidenciais ficou por cumprir por culpa de umas escassas décimas…

Tudo por culpa de 1.8% dos votos, que foram desperdiçados por serem nulos ou brancos, ou pelos 37% que desrespeitaram a Democracia e ficaram em casa. (*)

Tudo por culpa de um PS que não se soube mobilizar e não soube empenhar os seus.

Tudo por culpa de Sócrates que tudo fez para minar a candidatura de Alegre, até na altura dos discursos (vergonhosa a atitude do secretário-geral-Primeiro-ministro) e que até parece que preferia Cavaco na presidência.

Tudo por culpa das eleições serem ao domingo e não à terça-feira (como nos Estados Unidos). À velocidade que o Cavaco estava a descer nas percentagens, faltou mesmo só “um bocadinho assim” para haver segunda volta.

Manuel Alegre disse-o ontem e eu concordo: “contra ventos e marés”, contra tudo e todos, quase conseguia um milagre cívico. Atenção que conseguiu mais de um milhão de votos, falta saber, agora, o que vai fazer com eles e como vai ser recebido no seu partido. As minhas homenagens.

Mário Soares não merecia acabar assim a sua carreira política, perdendo de goleada. Enxovalhado e quase sem o apoio do seu partido, mas também podia ter gerido a “coisa” melhor, especialmente com o amigo (?) Alegre que até esqueceu no discurso da derrota.

Jerónimo de Sousa continua a surpreender e ontem até suplantou os números da CDU nas últimas legislativas (mais 1%).

O grande derrotado da noite acabou por ser José Sócrates, não só pelo resultado humilhante do seu candidato, mas especialmente pela atitude inqualificável para com Manuel Alegre.

Aliás é curioso que, no “consulado” de Sócrates, o PS consegue o melhor e o pior resultado da “estória” do partido (primeira derrota numas presidenciais).

Falta agora saber o que Cavaco quis dizer quanto, no discurso de vitória, afirmou: "É altura de "deitar mãos à obra, não é pequena a tarefa que temos à nossa frente e o trabalho será longo".

(*) Nota para a fórmula de contagem dos votos. Se estas fossem uma legislativas ou autárquicas, Cavaco não tinha ganho com maioria.

sábado, janeiro 07, 2006

Curta e grossa…

Este louco período natalício, que só termina a 23 de Janeiro, não me tem permitido actualizar o blog como devia.

No entanto, aqui fica uma nota que não posso deixar passar.

O Governo divulgou que vai dar 1.5% de aumento aos funcionários públicos e 3% no salário mínimo.

Os senhores, que se dizem socialistas, dão um aumento abaixo da inflação e os portugueses vão já para o oitavo ano a perder poder de compra.

Entretanto, todos os produtos aumentam em percentagem igual ou superior à inflação. Destaque para o pão que sobe uns escandalosos 10%.

Haja vergonha...