terça-feira, janeiro 31, 2006

Provas ou a falta delas

Uma das, anunciadas, prioridades deste Executivo é o combate à fraude e evasão fiscal.

Por mim, tudo bem. Há muito que atacar nessa área. O problema é o “ângulo de ataque”.

Sabe-se, é do senso comum, que são os mais ricos e poderosos que, com truques, subterfúgios e extrema “lata”, fogem e não pagam impostos.

A classe média, que trabalha para outrem, e os velhotes coitados, que trabalharam durante toda a vida, mas que, por esta ou aquela razão, nem sempre descontaram e recebem pensões de miséria, é não tem hipótese de fugir ao inevitável.

Dito isto, recordo que o Estado vai passar a exigir uma prova de rendimentos aos pensionistas com reformas inferiores a 14 salários mínimos nacionais, ou seja, cinco mil e 400 euros por ano.

A prova tem de ser apresentada no respectivo Centro de Saúde até dia 31 de Março de cada ano, a começar neste, e quem não o fizer perde o direito à comparticipação acrescida de medicamentos.

A questão que se coloca é: não haveria maneira de fazer este controlo, daqueles que enganam o Estado e recebem o que não deviam receber (aliás como acontece também com o Rendimento Mínimo Garantido), sem incomodar os idosos que, sem dúvida nenhuma merecem continuar a receber as pensões e a comparticipação acrescida para os medicamentos?

Seguramente que havia…

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Ordem de Mérito

Alguém, por favor, que me explique porque razão o Presidente Jorge Sampaio condecorou esta quarta-feira um grupo de 21 empresários portugueses.

Que “funções públicas ou privadas, sem interesse pessoal, com actos meritórios em favor da colectividade” tiveram estes senhores?

Para além de engordarem as respectivas contas bancárias, que mais fizeram estes senhores?

Sinceramente, não consigo entender.

De saída de Belém, não poderia o Chefe de Estado ter encontrado 21 desconhecidos, da sociedade civil, que, realmente, tivessem feito algo “sem interesse pessoal, em favor da colectividade”?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

O voto…

Realizaram-se ontem as eleições presidenciais, o terceiro acto eleitoral em menos de um ano.

Agora, se tudo decorrer normalmente, os portugueses só voltam às urnas daqui a três anos e tal.

O que acho incrível é que várias pessoas, incluindo políticos e até o novo Chefe de Estado, digam: “Ainda bem, finalmente”, como se ir a votos fosse “uma chatice”, uma “perda de tempo”.

Ir a votos é saudável e desejável, é a arma do povo e deve ser utilizada sempre que se justificar.

O facto dos portugueses irem a votos democraticamente nunca pode ser considerado um empecilho para o desenvolvimento do país.

O voto é a voz do povo que não pode ser calada por ninguém. Tem que ser o país a escolher o que quer fazer, para onde ir, se quer ou não alternância.

Isto é que é a democracia e isso não pode ser alterado por nenhum (bolo)-Rei.

PS: Continuo a achar que, salvo motivos de força maior, não votar é uma falta de respeito, por si próprio, pelos outros e por aqueles que muito lutaram para nos livrar da ditadura.

Faltou um bocadinho assim…

Cavaco Silva lá chegou a Belém com 50.59% dos votos validamente expressos.

O “senhor do bolo” ganhou e democraticamente é obrigatório felicitá-lo pela vitória. Agora, ele não é o meu Presidente e há vários culpados para este triunfo.

O meu desejo por uma segunda volta nas presidenciais ficou por cumprir por culpa de umas escassas décimas…

Tudo por culpa de 1.8% dos votos, que foram desperdiçados por serem nulos ou brancos, ou pelos 37% que desrespeitaram a Democracia e ficaram em casa. (*)

Tudo por culpa de um PS que não se soube mobilizar e não soube empenhar os seus.

Tudo por culpa de Sócrates que tudo fez para minar a candidatura de Alegre, até na altura dos discursos (vergonhosa a atitude do secretário-geral-Primeiro-ministro) e que até parece que preferia Cavaco na presidência.

Tudo por culpa das eleições serem ao domingo e não à terça-feira (como nos Estados Unidos). À velocidade que o Cavaco estava a descer nas percentagens, faltou mesmo só “um bocadinho assim” para haver segunda volta.

Manuel Alegre disse-o ontem e eu concordo: “contra ventos e marés”, contra tudo e todos, quase conseguia um milagre cívico. Atenção que conseguiu mais de um milhão de votos, falta saber, agora, o que vai fazer com eles e como vai ser recebido no seu partido. As minhas homenagens.

Mário Soares não merecia acabar assim a sua carreira política, perdendo de goleada. Enxovalhado e quase sem o apoio do seu partido, mas também podia ter gerido a “coisa” melhor, especialmente com o amigo (?) Alegre que até esqueceu no discurso da derrota.

Jerónimo de Sousa continua a surpreender e ontem até suplantou os números da CDU nas últimas legislativas (mais 1%).

O grande derrotado da noite acabou por ser José Sócrates, não só pelo resultado humilhante do seu candidato, mas especialmente pela atitude inqualificável para com Manuel Alegre.

Aliás é curioso que, no “consulado” de Sócrates, o PS consegue o melhor e o pior resultado da “estória” do partido (primeira derrota numas presidenciais).

Falta agora saber o que Cavaco quis dizer quanto, no discurso de vitória, afirmou: "É altura de "deitar mãos à obra, não é pequena a tarefa que temos à nossa frente e o trabalho será longo".

(*) Nota para a fórmula de contagem dos votos. Se estas fossem uma legislativas ou autárquicas, Cavaco não tinha ganho com maioria.

sábado, janeiro 07, 2006

Curta e grossa…

Este louco período natalício, que só termina a 23 de Janeiro, não me tem permitido actualizar o blog como devia.

No entanto, aqui fica uma nota que não posso deixar passar.

O Governo divulgou que vai dar 1.5% de aumento aos funcionários públicos e 3% no salário mínimo.

Os senhores, que se dizem socialistas, dão um aumento abaixo da inflação e os portugueses vão já para o oitavo ano a perder poder de compra.

Entretanto, todos os produtos aumentam em percentagem igual ou superior à inflação. Destaque para o pão que sobe uns escandalosos 10%.

Haja vergonha...