quarta-feira, abril 26, 2006

Malária

Esta terça-feira foi o Dia Mundial contra a Malária. Os números da doença são assustadores.

Só em África a malária mata um milhão de pessoas por ano e na Guiné Conacri é mesmo a principal causa de morte.

Segundo os "Médicos Sem Fronteiras", a doença mata uma criança a cada 30 segundos.

Vale a pena pensar nisto...

terça-feira, abril 25, 2006

Sinais dos tempos?

Comemoraram-se hoje os 32 anos da "Revolução dos Cravos" e da chegada da Liberdade ao nosso país, após quase 50 anos de ditadura.

Queria, no final do dia, deixar três nota preocupantes:


  • Pela primeira vez um Presidente da República (Cavaco Silva) participou nas cerimónias oficiais sem ter um cravo na lapela.
  • As bancadas da direita no Parlamento não aplaudiram os Capitães de Abril
  • Muito poucos deputados e dirigentes do PS participaram no desfile do 25 de Abril

Espero que estes dados sejam, só e apenas, coincidência e que não correspondam ao princípio do fim do 25 de Abril e do que ele representa.

segunda-feira, abril 24, 2006

25 de Abril... Sempre

Alberto João Jardim não vai permitir que amanhã se comemore(*) oficialmente o 25 de Abril na Madeira.

Pior do que isso, o presidente do Governo Regional do arquipélago vai, ao que parece, festejar o “24 de Abril”, lembrando a ditadura e criticando a Revolução e os 32 anos de Democracia.

Por muito que custe a algumas pessoas (acredito que uma minoria), o dia que se comemora(*) amanhã é de fundamental importância para o nosso país.

É justamente graças a este dia e, claro, ao que ele representa, que alguém como Jardim pode dizer as alarvidades que diz e fazer o que faz, sem que nada lhe aconteça.

Já vamos no quarto Presidente da República e em não sei quantos líderes do PSD e todos têm assobiado para o ar como se nada fosse.

Por outro lado, para além do fundamental ganho de Liberdade, é preciso não esquecer que foi a partir daí (depois reforçado com a entrada na União Europeia) que Portugal se começou a desenvolver e a, aos poucos, recuperar o atraso provocado por quase 50 anos de “orgulhosamente sós”.

Obviamente que nem tudo correu como estava planeado, nem todos os “D” (Democratizar, Descolonizar e Desenvolver) do 25 de Abril se cumpriram como deveriam e há muito por fazer.

Na "Revolução dos Cravos" nem tudo foram "rosas" e, claro, todas as rosas têm espinhos.

Estamos, aliás, numa altura deveras complicada com quase 500 mil desempregados e, além disso, com o nosso país a ser precisamente o mais “desequilibrado” da União Europeia no balanço entre ricos e pobres e isso é muito preocupante.

Queria, já agora, aproveitar para homenagear os Capitães de Abril em geral e Salgueiro Maia em particular, um herói, infelizmente, algo esquecido.

(*) Reparem que escrevi “comemora”, não escrevi “assinala” ou “passa” e a escolha é intencional. Não patrocino a tentativa de branqueamento de um dos mais importantes dias da História de Portugal.

sexta-feira, abril 14, 2006

Pecador

Assumo: sou um grande pecador.

Já o sabia, sempre o soube (normalmente não vou à missa, só me lembro de "Santa Bárbara quando troveja"), apesar de não o fazer por mal... até tive uma educação católica.

O que não sabia é que estou a piorar. Aliás, neste exacto momento peco: estou a escrever um post num dos meus blogs, a televisão está ligada, tenho um jornal junto a mim... e ainda (como dizia o outro) tenho alí uma revista com a Soraia Chaves na capa.

Pois é, vem isto a propósito dos "novos" pecados, apresentados pelo cardeal Francis Stafford, que, segundo diz "diminuem a fé cristã".

Não sei se é com estas ideias que a Igreja vai recuperar fiéis... e mais não digo (lá estou a lembrar-me do outro).

quinta-feira, abril 13, 2006

119

Não, este não é nenhum novo número de emergência, é "apenas" o número de senhores deputados que foi de férias e se baldou ao trabalho.

Quando chegou a altura de votar, o presidente da Assembleia da República reparou que dos 230 deputados só 111 estavam presentes.

Como o quórum obriga a 116, a votação de nove diplomas foi adiada.

Que belo exemplo nos dão os nossos deputados, que dedicação ao trabalho, que caso extremo de serviço público e amor à causa.

É caso para dizer: Belos empregos.

Xutos e Pontapés

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) considera "lícitas" e "aceitáveis" as palmadas e estaladas aplicadas por uma responsável de um lar de Setúbal a crianças com deficiências mentais. O STJ diz que fechar crianças em quartos é um castigo normal de "um bom pai de família" e que as estaladas e as palmadas, se não forem dadas, até podem configurar "negligência educacional".

Depois de ver este acórdão confesso que fiquei com receio das decisões que estes senhores juizes tomam.

Não consigo perceber que se defenda ou se aceite com esta ligeireza que palmadas e estaladas sejam empregues para educar crianças, ditas "normais", mas especialmente para educar deficientes.

Atenção, não estou a dizer que nunca se deve bater nos meninos (eu próprio levei algumas palmadas e isso não me fez mal nenhum). O que estou a dizer é que as palmadas devam ser o último recurso, após uma série de outras opções e alternativas pedagógicas.

Não sou eu que o digo - não sou obviamente especialista - dizem-no vários especialistas (psicólogos, psiquiatras, educadores de infância) que ouvimos durante o dia em reacção a este caso.

É necessário ter ainda em atenção que as palmadas (ou pior, por exemplo, fechar crianças em quartos escuros) deixam, para além de marcas físicas, marcas psicológicas que vão depois reflectir-se na vida adulta e podemos ter uma uma "passagem de testemunho" de pai para filho.

Espero, quando os tiver, não ter que bater nos meus filhos.

PS: Nesta altura apetece-me é dar umas palmadinhas nos senhores juizes.

quarta-feira, abril 12, 2006

Menino mimado

A maioria dos eleitores decidiu que a Itália devia virar à esquerda ou, para sermos mais correctos, decidiu livrar-se de Silvio Berlusconi.

No fim das contas a grande coligação de centro-esquerda venceu na Câmara de Deputados e na Câmara do Senado.

A vantagem foi curta, muito curta, (25 mil votos), a incerteza durou muitas horas, e só um "prémio" atribuido ao vencedor vai permitir a Prodi começar a governar com alguma segurança.

No entanto, apesar dos votos já terem sido contados e estarem oficializados, Berlusconi não aceita os resultados, não assume a derrota e denuncia fraudes.

É curioso que seja Berlusconi a falar nisto. Enfim...

Em democracia, há que saber ganhar e perder e há que saber sair na altura certa.

segunda-feira, abril 10, 2006

País do "faz de conta(s)"

É dito e redito que Portugal está em crise e há muitos milhares de portugueses em dificuldade. Os desempregados são 500 mil e é difícil pagar os empréstimos da casa e/ou do carro.

No entanto, apesar disso, há quem não tenha ou não pareça ter essas dificuldades.

É que estamos em plenas férias da Páscoa e as agências de viagem exultam com o aumento da procura: Algarve, mas especialmente Brasil, México ou Cabo Verde, são os destinos mais procurados.

Aliás, como se pode ver "Este ano a Páscoa foi um êxito"...

Ainda bem que há estes oásis para desanuviar a cabeça. Vamos ver depois quando chegar o fim do mês e voltarmos a aterrar no "mundo real"

Marbella

Costuma dizer-se que "De Espanha nem bom vento, nem bom casamento". No entanto, todas as regras têm excepções.

No princípio do mês, a autarca de Marbella foi detida no âmbito de um processo de corrupção que envolve milhões de euros.

Juntamente com a senhora Marisol Yague foram também constituidos arguidos um assessor e um empresário, entre outros, num total de 23 pessoas.

Sem mais comentários... que pena Marbella não ser Felgueiras.

segunda-feira, abril 03, 2006

Imigrante, emigrante

Não gosto de ver cidadãos portugueses serem "chutados" dos países que escolheram para tentar melhorar as suas vidas.

Estes recentes casos do Canadá fazem alguma impressão porque são pessoas que estavam no país há vários anos, alguns já com filhos nascidos lá, com trabalho, ao que consta pagando os impostos respectivos e há algum tempo a tentar a legalização.

Por outro lado, algumas famílias queixam-se que foram avisadas com 15 dias de antecedência, o que o Ministério dos Negócios Estrangeiros desmente.

Seja como for, há diferenças que é necessário fazer e, daí, tirar ilações. Encontro três situações distintas:

- uns estão plenamente integrados (com raizes) e poderiam (deveriam) ser tratados com mais respeito por Otava.

- outros terão sido enganados por "empresas" de recrutamento, com promessas de vida fácil, trabalho e casa garantida. Aqui é caso de polícia e é necessário acabar com estas redes organizadas.

- "last but not least" há os portugueses "chico-espertos" que foram para o Canadá com o estatuto de refugiados políticos e/ou religiosos (!). Esses, só pela "lata", são bem expulsos.

Freitas do Amaral foi ao Canadá perceber o que se estava a passar. Ao que parece trouxe de lá a garantia essencial: "isto" não é uma perseguição à comunidade portuguesa.

Nota final para os partidos de direita que, no nosso país, querem apertar as malhas da imigração.

Não se esqueçam de dois aspectos: Portugal precisa de imigrantes, Portugal é país de (muitos) emigrantes.

sábado, abril 01, 2006

Geração à rasca

Jacques Chirac promulgou o (muito) polémico Contrato de Primeiro Emprego (CPE) em França, bem antes do final do prazo, mas tenta acalmar os manifestantes com duas alterações.

Antes de mais, convém recordar que esta lei permitiria que qualquer jovem até 26 anos fosse despedido nos primeiros dois anos de contrato sem justa causa.

Ora, tendo em atenção o articulado desta lei neo-liberal parece-me perfeitamente normal que os jovens tenham vindo para a rua protestar.

A lei, tal como estava a ser proposta, era, no mínimo, injusta e discriminatória, já para não dizer escandalosa.

Agora, o Presidente francês tornou-a, aparentemente, mais suave ao obrigar a que seja esclarecida a causa do despedimento e ao dimunuir de dois para um ano o prazo em que o CPE está em vigor.

Estas são decisões no bom sentido e que, finalmente, mostram algum bom senso do Chefe de Estado francês. Vamos ver se são suficientes e como as aceitam os jovens manifestantes.