segunda-feira, dezembro 29, 2003

Pão nosso de cada dia

A obesidade é uma doença que cada vez mais preocupa as sociedades modernas, mas o nosso país está atento e já estão a ser tomadas medidas.

A bem da saúde, é preciso evitar que as pessoas engordem.Como se sabe, o pão é um dos alimentos que, dizem os nutricionistas, ajuda a ganhar peso excessivo.

O Ministério da Saúde, em colaboração com o Super-Ministério das Finanças, já se está a precaver...

Assim, “Ano Novo, Preços Novos” e o pão, esse produto “maléfico” para a linha dos portugueses e, para além do mais, supérfluo, aumenta "só" 35% (trinta e cinco por cento) em 2004.

Ora, nada mais justo, se o pão engorda... obriga-se as pessoas a cortar no dito pão.Até aqui tudo certo, é “a bem da nossa saúde”.

A acompanhar este “pequeno” aumento no pão sobem também a electricidade, a água, os passes sociais, as rendas de casa e as prestações do crédito à habitação, as portagens e os combustíveis.Quase todos estes bens essenciais vão subir - alguns já a partir de Janeiro - em percentagem igual ou superior a 2.5%.

Mas, não há problema porque o Governo, sempre preocupado com o nosso bem-estar, aumenta também, já a partir de 1 de Janeiro, o salário mínimo para poder cobrir estas despesas.

Agora são 365.6 euros (73 mil escudos em dinheiro antigo), ou seja, mais 9 (nove) euros por mês, 30 (trinta) cêntimos por dia – um aumento de 2.52% (!?).

Uff, eu, que me preocupo pouco com a “linha”, estou muito mais descansado... este aumento deve continuar a dar para uma carcacita (sem manteiga) logo pela manhã...

segunda-feira, dezembro 22, 2003

Abençoada crise...

Dizem que o país está de “tanga”, que tem quase meio milhão de desempregados, salários em atraso, défice excessivo, crescimento (abaixo de) zero, mas não devem estar a falar de Portugal.

Aqui, neste nosso “sítio” (sim, porque para chamar a “isto” um país falta muito) está tudo bem... ou parece.

Neste nosso “país do faz-de-conta” o que interessa mesmo é “o que parece”.Assim, o que importa é ter telemóvel (de preferência vários), Tv Cabo e acesso à net, carro topo de gama e dizer que se tem isto e aquilo - independentemente do que seja... desde que seja bom.

Este "vírus" agrava-se na época de Natal... Podemos estar sem “cheta”, mas o importante é andar na rua a fazer compras... ou a fingir que as andamos a fazer.

Vem isto a propósito de um episódio que aconteceu comigo este domingo: tive que ir à pressa comprar uma prenda e lembrei-me de ir a um centro comercial perto do local onde trabalho. Foi uma aventura...

Meus amigos, a rua estava cheia, a abarrotar de gente, literalmente.Os “desculpe”, “com licença”, “posso” foram mais que muitos e tudo num espaço de 200 metros, no máximo... e ainda nem sequer tinha entrado no estabelecimento.

Que vontade que eu tive de conduzir um “limpa neve” para desobstruir o caminho.Depois, lá entrei na loja (aquela começada por F e acabada em C) e foi um “Ai Jesus”.Mais uma confusão tremenda, com a agravante do espaço ser menor e de uma pessoa se arriscar a mandar algumas prateleiras de CDs para o meio do chão.Tentei despachar-me o mais rápido possível... Estava tão desesperado que acabei por sair sem sequer embrulhar a prenda.

Eu sei que estamos a poucos dias do Natal e que, como bons portugueses, deixamos tudo para o fim, mas a questão impõe-se: “Será que todas estas pessoas que hoje me “atropelaram” estavam realmente a fazer compras? Ou será que todas tinham mesmo necessidade de as fazer?”

Esta pressão consumista leva-nos a cometer loucuras, que mais tarde ou mais cedo havemos de pagar... de uma forma ou de outra.

É que, se isto é crise, viva a crise e a Dra Manuela Ferreira Leite...

Nunca mais é dia 26... digo eu.

PS: Já agora “Bom Natal” :-) e que o Menino Jesus lhes traga Saúde e Sorte.