segunda-feira, dezembro 22, 2003

Abençoada crise...

Dizem que o país está de “tanga”, que tem quase meio milhão de desempregados, salários em atraso, défice excessivo, crescimento (abaixo de) zero, mas não devem estar a falar de Portugal.

Aqui, neste nosso “sítio” (sim, porque para chamar a “isto” um país falta muito) está tudo bem... ou parece.

Neste nosso “país do faz-de-conta” o que interessa mesmo é “o que parece”.Assim, o que importa é ter telemóvel (de preferência vários), Tv Cabo e acesso à net, carro topo de gama e dizer que se tem isto e aquilo - independentemente do que seja... desde que seja bom.

Este "vírus" agrava-se na época de Natal... Podemos estar sem “cheta”, mas o importante é andar na rua a fazer compras... ou a fingir que as andamos a fazer.

Vem isto a propósito de um episódio que aconteceu comigo este domingo: tive que ir à pressa comprar uma prenda e lembrei-me de ir a um centro comercial perto do local onde trabalho. Foi uma aventura...

Meus amigos, a rua estava cheia, a abarrotar de gente, literalmente.Os “desculpe”, “com licença”, “posso” foram mais que muitos e tudo num espaço de 200 metros, no máximo... e ainda nem sequer tinha entrado no estabelecimento.

Que vontade que eu tive de conduzir um “limpa neve” para desobstruir o caminho.Depois, lá entrei na loja (aquela começada por F e acabada em C) e foi um “Ai Jesus”.Mais uma confusão tremenda, com a agravante do espaço ser menor e de uma pessoa se arriscar a mandar algumas prateleiras de CDs para o meio do chão.Tentei despachar-me o mais rápido possível... Estava tão desesperado que acabei por sair sem sequer embrulhar a prenda.

Eu sei que estamos a poucos dias do Natal e que, como bons portugueses, deixamos tudo para o fim, mas a questão impõe-se: “Será que todas estas pessoas que hoje me “atropelaram” estavam realmente a fazer compras? Ou será que todas tinham mesmo necessidade de as fazer?”

Esta pressão consumista leva-nos a cometer loucuras, que mais tarde ou mais cedo havemos de pagar... de uma forma ou de outra.

É que, se isto é crise, viva a crise e a Dra Manuela Ferreira Leite...

Nunca mais é dia 26... digo eu.

PS: Já agora “Bom Natal” :-) e que o Menino Jesus lhes traga Saúde e Sorte.

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