segunda-feira, maio 15, 2006

"General sem Medo"

Porque há heróis que não podem ser esquecidos, gostaria só de lembrar que, se fosse vivo, Humberto Delgado faria hoje 100 anos.

Dissidente da Ditadura de Salazar teve o ponto alto da sua vida em 1958 ao ir contra o regime e concorrer contra Américo Tomás nas presidenciais.

Dai veio a sua frase mais célebre: "Obviamente demito-o", referindo-se ao presidente do Conselho Oliveira Salazar.

Nas urnas venceu mas foi vítima de fraude eleitoral, foi perseguido e teve que se exilar no Brasil. Tentou fazer cair o Governo mas falhou.

Acabou por cair numa cilada da PIDE (#) e foi assassinado em Espanha, perto de Badajoz, em 1965.

(#) O PIDE Rosa Casaco continua por aí e, agora, até já escreve livros... Este país, às vezes, é muito injusto.

Bebés...

Nasci em casa, de sete meses, sem assistência, porque o médico que acompanhava a minha mãe a mandou para casa sem analisar devidamente o caso.

Passando por cima de outros pormenores que complicaram ainda mais a questão, o meu azar não foi não ter maternidade à porta de casa (que não tinha e ainda não tenho), o problema foi a incompetência de um médico que não percebeu que estava perante uma gravidez de risco.

Vem isto a propósito porque a polémica das maternidades continua e a troca de argumentos continua...

O Governo baseia a decisão de fechar com um estudo feito por especialistas, as autarquias e populações afectadas defendem-se com outros estudos e com o risco da desertificação e, já agora, com o direito dos bebés "nascerem em Portugal".

Obviamente, não sou especialista, mas, confesso, que me sinto tentado a apoiar esta medida do Executivo e a minha "dúvida" foi tirada por Albino Aroso, aquele que é chamado o "pai do planeamento familiar" e que, quando esteve no Governo PSD, mandou encerrar 150 maternidades.

Graças a estas e outras medidas, Portugal tem hoje uma das menores taxas de mortalidade infantil do mundo e este é um facto de que nos devemos orgulhar.

Se, agora, as quatro maternidades em causa realizam menos partos, têm falta de médicos especialistas e poêm em risco os bebés e as crianças então devem mesmo encerrar.

Desde, claro, que possam ser devidamente acompanhados e monitorizados por profissionais competentes e especializados.

Convém, já agora, referir que uma família não tem filhos todos os dias e que os bebés não nascem de geração espontânea. Por isso, uma maternidade não é uma valência que tenha que estar, obrigatoriamente, à porta de casa.

quarta-feira, maio 10, 2006

“Seja bem-vindo quem vier por bem”

É assim que canta o grande Zeca Afonso numa das suas canções mais conhecidas.

Vem isto a propósito da iniciativa da Câmara de Vila de Rei que, face à desertificação da localidade, decidiu apostar em jovens famílias brasileiras para repovoar a localidade.

A habitação, o emprego e o visto de residência ficam, para já, a cargo da autarquia e as primeiras quatro famílias escolhidas chegaram no passado dia 4. Mais vão chegar nos próximos tempos.

A questão é simples: se os portugueses fogem do interior como “o Diabo da Cruz”, se os brasileiros, conhecendo as regras do programa, quiseram arriscar, não vejo razão para não aplaudir esta medida.

Só espero é que algumas “mentes brilhantes” não venham, mais tarde ou mais cedo, com atitudes xenófobas ao primeiro caso que apareça.

domingo, maio 07, 2006

Ah, e tal…

Depois de 30 anos de democracia, fiquei esta noite a saber para que serve um deputado da Nação.

A explicação surgiu por Pires de Lima, deputado do CDS-PP, em jeito de pergunta, durante o congresso do seu partido na Batalha.

“Quando eu estou no Parlamento a irritar o PS e o Governo não estou ao serviço do CDS, não estou a servir o presidente do partido?”

Claro que sim.

Então é isto que eles fazem… Estou esclarecido.

terça-feira, maio 02, 2006

1º de Maio

Agora que terminou mais um 1º de Maio, o Dia do Trabalhador, gostaria só de deixar duas notas que penso ser necessário não esquecer.

Portugal tem:
  • quase 500 mil desempregados
  • dois milhões de pobres

E como se isto não bastasse é o mais desequilibrado da União Europeia, ou seja, Portugal é o país em que os ricos são mais ricos e os pobres mais pobres.

Entretanto, mesmo quem tem o privilégio (é mesmo esta a palavra) de ter emprego e estar a trabalhar não está seguro porque com as teorias neo-liberais, a defesa da flexibilidade e o corte de direitos adquiridos, nunca se sabe o que poderá acontecer.

Por favor, alguém que ponha mão nisto, nem que seja o Presidente da República e o seu Roteiro Social.

segunda-feira, maio 01, 2006

Guerra Civil

Portugal está na cauda da Europa em (quase) todos os índices positivos da União Europeia, mas, infelizmente, neste somos líderes destacados.

Está na estrada uma nova operação da Brigada de Trânsito da GNR, agora chamada "Primavera", mas, mais uma vez, os números são trágicos.

Desde sexta-feira morreram 14 pessoas (mais do dobro das que morreram o ano passado no mesmo período), outras 24 ficaram gravemente feridas e 267 sofreram ferimentos ligeiros, em 684 acidentes. Só hoje, foram quatro as vítimas mortais.

Estes números são assustadores e, por mais operações da BT ou campanhas de sensibilização que se façam, não parece haver maneira de os melhorar.

É certo que as estradas não são boas - e até já foram piores -, que a sinalização é péssima em algumas situações mas - não me lixem - o principal problema são os condutores e a sua completa falta de civismo.

A maioria dos portugueses não cumpre as regras de trânsito, não respeita o próximo e, pior do que isso, arrisco mesmo dizê-lo: não sabe conduzir.

Alguém tem que pôr mãos nisto... seja melhorando a sinalização, aumentando as operações STOP e as multas, baixando ainda mais o nível de alcoolemia ou até mandando toda a gente de volta à escola de condução.