sexta-feira, dezembro 23, 2005

Crise?!

Estamos a poucos dias do Natal e há notícias que não deixam de me surpreender. Sem mais comentários, aqui vai:

“Nos primeiros 20 dias deste mês, os portugueses já levantaram no Multibanco mais de 1,3 mil milhões de euros.

Segundo o "Correio da Manhã", somados os levantamentos na Multibanco aos pagamentos nas lojas, o valor ascende aos 2,8 mil milhões de euros - números obtidos junto da Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS).

O valor dos levantamentos indica crescimento, face a igual período do ano passado, de 16%, enquanto que as compras pagas com cartão de débito subiram 9%, revela o jornal.
Nas compras com débito directo, os cartões foram usados em cerca de 40 milhões de operações. Em termos globais, os cartões foram mais usados para levantamentos na primeira semana.”


"Ainda bem" que estamos em crise e estagnados economicamente. O que seria se não estivéssemos...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Frente a frente, lado a lado

Os debates televisivos para as presidenciais vão a meio e, sendo assim, está na altura de fazer um pequeno balanço.

Muito se tem falado sobre a fórmula encontrada entre as candidaturas e as televisões, ponto prévio: mais vale “debates”, que são quase duas entrevistas em simultâneo, que nada.

Este formato e até a colocação em estúdio, impede uma discussão mais acesa e a troca directa de argumentos, mas deixa espaço a algum esclarecimento e à visibilidade de algumas diferenças entre os candidatos.

Para já, o grande vencedor é Cavaco Silva, que, obviamente, ganha com a calma da discussão, com a limitação dos tempos e com as dificuldades económicas do país que lhe permitem realçar as suas qualidades enquanto economista.

Se havia dúvidas quanto ao “profissionalismo” do professor, o final do debate de ontem com Jerónimo foi paradigmático: primeiro, ainda em estúdio, lembrando o “Olhe que não, olhe que não”, de Álvaro Cunhal, o que lhe permitiu “sair” de um ataque e, depois, já cá fora, exemplar a forma como Cavaco “se fez” à câmara da SIC, enquanto respondia ao repórter, sempre em andamento.

Cavaco Silva parece ter “o controlo do jogo” e estar a “gerir” bem os resultados das sondagens.

A maior desilusão, até agora, é Manuel Alegre. O poeta, o mais inexperiente nestas andanças, parece tenso e pouco à vontade, inadaptado às câmaras, hesitante em algumas respostas.

O “independente” socialista tem que se soltar e ir além da estratégia de “vitimização”, de que terá sido alvo por parte do PS, e do “trunfo” de ter uma candidatura que não está ligada a nenhum aparelho partidário.

O debate Cavaco - Louçã terá sido o melhor até agora, talvez porque estávamos perante duas pessoas com a mesma formação, mas ainda faltam, por exemplo, os debates Soares – Alegre e Cavaco – Soares.

Posto isto ficam duas perguntas no ar: estes debates servem para alterar opções de voto? Será que vai haver segunda volta?

Cada vez me parece mais improvável (resposta às duas perguntas).

Indemnizações

Depois da decisão do Tribunal da Relação de não o levar a julgamento, Paulo Pedroso vai processar os responsáveis pela investigação do “processo Casa Pia”.

De recordar que o ex-deputado foi acusado de 23 crimes de abuso sexual no âmbito deste caso e esteve em prisão preventiva quase cinco meses.

Não vou falar deste caso especificamente, este é só o ponto de partida que se aplica, ou deve aplicar, em minha opinião, a todas as situações idênticas, sejam elas mediáticas ou não.

Vejo-me obrigado a concordar que uma pessoa, qualquer que seja, exija uma indemnização ao Estado ou a alguém em particular se se provar que, afinal, esteve injustamente detida.

A investigação deve ser feita com toda a liberdade, isenção e rapidez e, depois, quando se passar à fase seguinte tem que haver certezas.

A lei permite um conjunto se opções, antes de se chegar à prisão preventiva, que deveria impedir que algum arguido fosse detido preventivamente sem o mínimo de garantias.
Quando há erros… alguém tem que pagar, alguém tem que minimizar as

domingo, dezembro 04, 2005

Só?!

Saiu esta semana, num jornal da nossa praça, mais uma informação importante e que vem comprovar como se fazem as coisas no nosso país.

Sem mais comentários, apenas faço “copy-past” do título:

“Emprego: 28 por cento do emprego que é criado em Portugal é através de cunhas”

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Contra a SIDA…


Portugal já perdeu mais de seis mil pessoas para a SIDA, segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis, do Instituto Nacional Ricardo Jorge.

Até ao dia 30 de Junho deste ano, 22 anos depois dos primeiros registos da patologia, foram contabilizados 27013 casos no País.
Segundo os dados do CVEDT, entre 1983 e 2005 foram identificados 12210 casos de SIDA em Portugal, dos quais mais de cinco mil na área de Lisboa, 2716 são do Porto e 1685 de Setúbal.

O número de mortes representa cerca de 50% do número de casos diagnosticados. Há ainda a registar 12355 de seropositivos e quase 2500 doentes com patologias associadas à imunodeficiência, mas aos quais ainda não se atribui a designação de Sida - casos sintomáticos não-Sida.

Já a ONUSida, das Nações Unidas dedicado ao combate à epidemia, revela que Portugal é o segundo país europeu com mais altas taxas de infecção com o HIV - 280 novos casos por milhão de habitantes. Em cada milhão de habitantes, há 80 que são diagnosticados quando já sofrem de sida, ou seja, só descobrem a doença muitos anos depois de terem sido infectados.

Só em 2004 foram diagnosticados 642 novos casos.

E isto é só em Portugal, em África, por exemplo, a situação é muito (muito) pior com 2/3 dos portadores mundiais.

Vale a pena pensar nisto… no Dia Mundial de Luta contra a SIDA.

Paguem...

Esta é mais uma daquelas situações em que eu tenho vergonha de viver neste país que, mais uma vez, parece um sítio (mal frequentado).

Vai ser repetido o julgamento do caso de uma criança que morreu (depois de cair numa estação de esgoto que estava destapada), no Seixal, porque algumas gravações de testemunhos estão inaudíveis.

O caso foi julgado há apenas quatro meses e condenou a autarquia a pagar uma indemnização de 250 mil euros à família da criança.

Colocados os dados em cima da mesa, há duas situações que me enojam:

Primeiro, como é que uma autarquia tem o descaramento e a suprema lata de interpor recurso numa sentença como esta. Vai obrigar a família a voltar a tribunal, a reviver o acidente, só na esperança de pagar uns tostões a menos de indemnização.

Segundo, como é possível que uma sentença seja anulada só porque os tribunais não têm condições de gravação.

Como é possível? Ainda queremos nós fazer parte do “pelotão da frente” dos países civilizados.

Francamente, tenham vergonha.