Os debates televisivos para as presidenciais vão a meio e, sendo assim, está na altura de fazer um pequeno balanço.
Muito se tem falado sobre a fórmula encontrada entre as candidaturas e as televisões, ponto prévio: mais vale “debates”, que são quase duas entrevistas em simultâneo, que nada.
Este formato e até a colocação em estúdio, impede uma discussão mais acesa e a troca directa de argumentos, mas deixa espaço a algum esclarecimento e à visibilidade de algumas diferenças entre os candidatos.
Para já, o grande vencedor é Cavaco Silva, que, obviamente, ganha com a calma da discussão, com a limitação dos tempos e com as dificuldades económicas do país que lhe permitem realçar as suas qualidades enquanto economista.
Se havia dúvidas quanto ao “profissionalismo” do professor, o final do debate de ontem com Jerónimo foi paradigmático: primeiro, ainda em estúdio, lembrando o “Olhe que não, olhe que não”, de Álvaro Cunhal, o que lhe permitiu “sair” de um ataque e, depois, já cá fora, exemplar a forma como Cavaco “se fez” à câmara da SIC, enquanto respondia ao repórter, sempre em andamento.
Cavaco Silva parece ter “o controlo do jogo” e estar a “gerir” bem os resultados das sondagens.
A maior desilusão, até agora, é Manuel Alegre. O poeta, o mais inexperiente nestas andanças, parece tenso e pouco à vontade, inadaptado às câmaras, hesitante em algumas respostas.
O “independente” socialista tem que se soltar e ir além da estratégia de “vitimização”, de que terá sido alvo por parte do PS, e do “trunfo” de ter uma candidatura que não está ligada a nenhum aparelho partidário.
O debate Cavaco - Louçã terá sido o melhor até agora, talvez porque estávamos perante duas pessoas com a mesma formação, mas ainda faltam, por exemplo, os debates Soares – Alegre e Cavaco – Soares.
Posto isto ficam duas perguntas no ar: estes debates servem para alterar opções de voto? Será que vai haver segunda volta?
Cada vez me parece mais improvável (resposta às duas perguntas).
quarta-feira, dezembro 14, 2005
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