domingo, setembro 18, 2005

País de “doutores”

Portugal é mesmo um país extraordinário: consegue ter mais vagas do que candidatos ao Ensino Superior.

Para o ano lectivo 2005/2006 o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior disponibilizou 46399 vagas, a que concorreram 38976 candidatos, 86% dos quais conseguiu já uma vaga.

Entretanto, os 5456 alunos que não tiveram nota para entrar poderão ainda candidatar-se à segunda fase do concurso na qual estão ainda disponíveis 12898 vagas.

É caso para dizer que o país está em crise, mas não é por falta de “doutores”. Toda a gente entra na Universidade, todos querem o canudo… o pior é depois.

A maior parte dos cursos não tem saídas profissionais compatíveis, as pessoas vão fazer coisas para as quais não estão bem preparadas ou que não gostam.

O que também acontece é que, como estão todos na Universidade, ninguém faz os trabalhos “intermédios”ou (considerados) “menores” e é aí que entram os imigrantes que, apesar de serem qualificados, só têm entrada nos trabalhos que os portugueses recusam.

O que era preciso era que houvesse um estudo sério, em larga escala, para se perceber o que realmente o país necessita para avançar e, depois, direccionar os alunos para essas áreas, seja com cursos universitários, simplesmente com cursos profissionalizantes ou com “reformulações”.

Vá lá que, agora, o Ministério do Ensino Superior faz, pelo menos, uma exigência: só entram alunos com média positiva.

É o mínimo.

1 comentário:

rvr disse...

Este post foi um grandíssimo tiro a alvo, numa equação complexa com várias incógnitas.

Continuo a não perceber como se abrem dezenas e dezenas de vagas no Superior todos os anos em cursos sem saídas ou cujo mercado de trabalho está esgotado - Jornalista, por exemplo.

Depois há outras áreas carênciadas, como a medicina ou a enfermagem, em que existem pouquíssimas vagas e onde estamos a formar pessoas a menos.

É o mundo ao contrário.