sexta-feira, junho 10, 2005

A “época dos fogos” e o “país em chamas”

Estes são "clichés" mas, mais uma vez, o país está a arder e, mais uma vez, falham os meios de prevenção e combate aos fogos.

Claro que a seca e o imenso calor agravam a situação, mas é inadmissível que, todos os anos, o cenário negro das terras queimadas se repita em milhares de hectares ao longo do país.

Os Governos mudam, os planos de combate são montados, as apresentações repetem-se, sempre com pompa e circunstância, mas, no fim das contas, o balanço é sempre trágico.

A prevenção, a limpeza das matas, o apetrechamento com novos meios… nada disto é feito a tempo e horas…

Este ano, por exemplo, voltámos à “novela” dos meios aéreos que chegam e não chegam, que estão e não estão, que avariam e não avariam…

Repito aqui o que escrevi em Março quando quatro bombeiros morreram em Mortágua durante o combate a um incêndio:

“É obrigatório responder rapidamente e ajudar quem sofre, mas é também fundamental analisar e prevenir todas as situações antes que elas aconteçam. Num país em que se prefere comprar dois submarinos e não helicópteros e aviões de combate a incêndios, talvez, estivesse na altura de rever prioridades”.

Por outro lado, nós que trabalhamos em comunicação, também não ajudamos muito os bombeiros que fazem – acredito – o melhor que podem e sabem com as condições que têm ao dispor.

Somos nós que falamos em “abertura da época de fogos”, “o maior incêndio de tal sítio”, “todos os incêndios estão circunscritos”… Talvez devêssemos mudar de estratégia.

Já às autoridades pede-se que “ataquem” forte nas investigações, apanhem os incendiários e os punam exemplarmente, com prisão efectiva, ao mesmo tempo que se exige que façam uma campanha de sensibilização para evitar que as pessoas cometam alguns erros perigosas para as florestas.

É preciso fazer tudo o que for possível para combater esta catástrofe cíclica que, todos os anos, abala o país e o deixa em chamas.

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