Os portugueses, fartos do “menino-guerreiro” e da crise, arriscaram tudo e passaram um "cheque em branco" a José Sócrates.
Mas o que é que o líder do PS fez para merecer o que Mário Soares e António Guterres sempre quiseram e nunca conseguiram?
De recordar que Sócrates alcançou 45.05%, 2573311 votos e 120 deputados na Assembleia da República (quando ainda faltam apurar os quatro da emigração).
A resposta é simples: nada (ou quase nada).
Tem no currículo a presença nos “governos Guterres” e, da sua participação, saltam à vista três tópicos: a co-incineração (que agora pode ser “repescada”), a despenalização do consumo de droga e a candidatura (ganhadora) à organização do Euro 2004. Está, agora, há poucos meses na liderança do partido e fez uma campanha na defensiva, sem se comprometer.
O que é certo é que Sócrates teve uma vitória inquestionável e histórica. A responsabilidade que tem agora sobre os ombros é proporcional ao tamanho dessa vitória.
A pose fria e robótica, em que tudo parece preparado não o favorece, mas isso não impediu o tal eleitorado flutuante de lhe dar o seu voto, muito também por culpa do (des)Governo cessante.
O país está em crise, mas o novo Primeiro-ministro tem “a faca e o queijo” na mão, não tem desculpas e… não pode falhar.
Percebeu-se nos últimos quatro meses que os portugueses não estão para aturar discursos de “bebés chorões”, que se queixam de tudo e de todos e que passam a vida a sacudir a “água do capote”.
Sócrates não vai ter os 100 dias de “estado de graça” – não há tempo -, tem que formar um Governo credível e começar rapidamente a mostrar serviço.
Quanto à direita, vamos ter dois congressos extraordinários para (em principio) encontrar novas lideranças.
Portas demitiu-se depois de não cumprir nenhum dos (quatro) objectivos a que se propôs. Foi uma atitude digna, nobre e que pareceu sincera. Só exagerou quando disse que Portugal não era um país civilizado por ter dado tantos votos ao BE.
Não sei se o líder “popular” era obrigado a seguir este caminho, mas é uma atitude respeitável. Vamos ver se o PP sobrevive incólume à saída de cena do seu “pai inspirador” ou se, mais cedo ou mais tarde, corre o risco de voltar a ser o partido do “táxi”.
Já Santana Lopes preferiu não clarificar se fica ou sai. O partido teve 28% - um dos piores resultados de sempre – mas o líder, para já, fica e até deve voltar a concorrer no congresso.
Vamos ver se – como já alguém disse – esta atitude do ainda Primeiro-ministro não vai levar a uma cisão do seu partido, transformando Santana Lopes num novo Manuel Monteiro.
À esquerda quase tudo foi perfeito: o Bloco mais do que duplicou o resultado, a CDU até subiu… só faltou evitar a vitória, com maioria absoluta, da “ala direita” do PS.
Após esta campanha sem sal - e que em alguns períodos roçou a mediocridade – há um outro aspecto digno de registo: é certo que a participação eleitoral subiu, mas os votos branco e nulo duplicaram e isso é a prova inequívoca de que os portugueses estão a perder a paciência com estes políticos.
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
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