domingo, maio 15, 2005

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“O aborto é matar um ser humano que não se pode defender, enquanto a Vanessa, de cinco anos, podia gritar, acusar e ficava com marcas no corpo que outros podiam ver”.

Assim falou o padre de Lordelo na missa de sétimo dia por Vanessa, a menina de cinco anos que terá sido agredida até à morte pelo pai e pela avó.

A mim parece-me normal que um padre se oponha ao aborto e que tente fazer vingar a sua opinião.

O que eu já não acho normal e, para ser sincero, acho nojento é que se utilize este tipo de exemplo.

No mínimo, e mesmo isto pode ser polémico para algumas pessoas, o que o senhor padre tinha que dizer é que matar uma menina de cinco anos é tão grave quanto matar um feto.

Por outro lado, quando o senhor diz que a pequena Vanessa “podia gritar, acusar e ficava com as marcas no corpo” é não ter noção do que está a dizer ou, pior ainda, está a fingir que não sabe.

Na esmagadora maioria destes casos, as crianças abusadas calam porque têm vergonha ou são ameaçadas e, por isso, não se conhece na íntegra a magnitude desta tragédia.

Apesar disso, Portugal consegue, segundo a OCDE, um “orgulhoso” primeiro lugar nos casos de maus-tratos a crianças com consequências mortais.

Espero que alguém chame o senhor padre à atenção e ele possa, o mais rápido possível, emendar a (tristíssima, infelicíssima, lamentável) declaração que fez e, pelo menos, pedir desculpas à família da menina.

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