segunda-feira, maio 30, 2005

“Non”

Os franceses chumbaram o Tratado Constitucional Europeu por uma margem confortável (54,87% dos votos, contra 45,13).

Agora, a Europa está metida num grande sarilho, até porque, na próxima quarta-feira, os holandeses vão repetir a dose e dar mais um rotundo “não” a este documento.

É bem feito para os "Senhores da Europa" que querem fazer depressa e bem e meter o Rossio, na rua da Betesga. Ora, isso não é possível...

O Governo português promete avançar para o referendo em Outubro, a não ser que “circunstâncias muito extraordinárias alterarem por completo o processo e levarem toda a Europa a enveredar por um novo rumo” (Freitas do Amaral).

Eu, por mim, não sei o que responder: Não sei exactamente o que se discute neste tratado, não sei o que se altera…

O que é certo é que, se for para dar mais poderes a Bruxelas em detrimento dos políticos portugueses, vou ser obrigado a votar a favor, mesmo contra aquela que foi sempre a minha opinião.

É que, olhando para toda a nossa classe política, dá vontade de os reformar antecipadamente, sem direito a indemnização, e entregar este país a alguém que, realmente, perceba o que está a fazer e que, por uma vez, cumpra o que promete.

domingo, maio 22, 2005

“Defshit”

Agora é que eu percebo aquele meu professor que quando falava de défice (ou deficit) pronunciava qualquer coisa como: “defshit”.

Afinal, aquilo não era um problema de articulação de sílabas ou uma “pronúncia bem” era, simplesmente, uma premonição para o que se passaria anos depois.

Primeiro o PSD, agora o PS, vão chatear-nos, “ad nauseum”, com a “estória” do défice e que a coisa está mal e que temos que fazer sacrifícios… e tal.

Ora, com licença da expressão, “já não há cu para esta merda”.

Na altura da nossa “dama de ferro”, o “defshit” rondava os 4.5% e era um escândalo nacional, agora – dizem – o dito já deve andar à volta dos 7% (Vítor Constâncio o saberá, José Sócrates o dirá).

Sinceramente, não percebo nada de economia, o que duvido é que esta “shit” seja a questão mais importante do nosso país.

O Presidente da República já alertou para que “há vida para lá do défice”, mas parece que ninguém ligou.

O que eu sei é que há países com défice alto, que se estão a “cagar” para isso… O que eu sei é que há quase 500 mil desempregados em Portugal e isso é que é (muito) preocupante.

Outra coisa que me lembro é das promessas do PS durante a campanha eleitoral. Espero que os socialistas não cometam o mesmo erro do PSD que, há três anos, disse uma coisa e fez outra… foi aí, logo aí, o princípio do fim do Governo “laranja”.

Caso se tenham esquecido, Sócrates prometeu, entre outras coisas, não aumentar impostos e manter as SCUTS. E agora...

domingo, maio 15, 2005

!?

“O aborto é matar um ser humano que não se pode defender, enquanto a Vanessa, de cinco anos, podia gritar, acusar e ficava com marcas no corpo que outros podiam ver”.

Assim falou o padre de Lordelo na missa de sétimo dia por Vanessa, a menina de cinco anos que terá sido agredida até à morte pelo pai e pela avó.

A mim parece-me normal que um padre se oponha ao aborto e que tente fazer vingar a sua opinião.

O que eu já não acho normal e, para ser sincero, acho nojento é que se utilize este tipo de exemplo.

No mínimo, e mesmo isto pode ser polémico para algumas pessoas, o que o senhor padre tinha que dizer é que matar uma menina de cinco anos é tão grave quanto matar um feto.

Por outro lado, quando o senhor diz que a pequena Vanessa “podia gritar, acusar e ficava com as marcas no corpo” é não ter noção do que está a dizer ou, pior ainda, está a fingir que não sabe.

Na esmagadora maioria destes casos, as crianças abusadas calam porque têm vergonha ou são ameaçadas e, por isso, não se conhece na íntegra a magnitude desta tragédia.

Apesar disso, Portugal consegue, segundo a OCDE, um “orgulhoso” primeiro lugar nos casos de maus-tratos a crianças com consequências mortais.

Espero que alguém chame o senhor padre à atenção e ele possa, o mais rápido possível, emendar a (tristíssima, infelicíssima, lamentável) declaração que fez e, pelo menos, pedir desculpas à família da menina.

sábado, maio 14, 2005

(Assim não) Vale tudo…

Numa decisão inédita no clube “encarnado”, um sócio foi expulso do Benfica. O sócio em causa é Vale e Azevedo, antigo presidente.

A decisão foi tomada por 65% dos 412 sócios votantes presentes nesta Assembleia-Geral histórica na Luz.

Sinto-me dividido quanto a esta decisão, mas atenção – para que não haja dúvidas – não por pena do dito senhor que quase ia destruindo o clube.

A minha única dúvida tem a ver com a história democrática da Instituição que sempre foi uma das bandeiras do clube, mesmo durante os tempos de Salazar.

É verdade que Vale e Azevedo manchou o nome do Benfica, fez “negócios” que ainda hoje obrigam o clube a uma grande ginástica financeira e que quase o levaram à falência mas… expulsão.

Obviamente compreendo a decisão dos sócios… eu se estivesse na Assembleia estaria, seguramente, mais inclinado para o “sim”, mas…

PS: à margem da decisão da Assembleia há uma nota que não gostaria de deixar passar: Manuel Vilarinho, outro ex-presidente do clube, fez-se acompanhar por segurança privada. Porquê? Não estava entre consócios? Estranho.

Governo de (con)gestão

O Ministério Público está a investigar todos os negócios do anterior Governo celebrados depois da dissolução da Assembleia da República, quando o Governo estava em gestão.

Em causa está a adjudicação do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal, o SIRESP, a um consórcio liderado pela Sociedade Lusa de Negócios e, especialmente, o caso dos sobreiros em Benavente.

A primeira versão indicava que os senhores ministros tinham assinado o despacho quatro dias antes das eleições (só isso já é estranho e grave). Pior quando agora, segundo o “Expresso”, a data foi falseada.

Para já, Luís Nobre Guedes é arguido, enquanto os outros dois ministros são, para já, apenas, testemunhas.

Convém mesmo que se investigue este caso e todos os outros. Não podemos continuar a viver com esta suspeição e deve, por isso, acabar-se com as negociatas.

segunda-feira, maio 02, 2005

Cheques há muitos

A partir de agora, passar um “cheque-careca” até 150 euros deixa de ser crime, passa a ser um “mero ilícito administrativo”.

Num país em crise, em que são os “espertos” quem mais ordena, este é mais um passo para o aumento das dívidas e das falcatruas dos portugueses.

Seguramente vai subir o número de cheques passados até esse valor e, verificado o aumento de casos sem provimento, os comerciantes, para se defenderem dos trapaceiros, vão começar a proibir a entrega de cheques para pequenas quantias.

Enquanto isto não acontecer, ou o Governo não mudar de opinião, os comerciantes vão queixar-se e os “espertos” vão fazendo umas compras à borla.

Os números são assustadores: No primeiro trimestre de 2005, o Banco de Portugal detectou um total de 293.032 cheques que foram devolvidos sem serem liquidados, num valor de 713 milhões de euros.

De acordo com o "Semanário Económico", cerca de 75% deste valor, ou seja, 533 milhões de euros referem-se a cheques sem cobertura.

O total de cheques sem provisão permite situar o valor diário das faltas de pagamento em 5,9 milhões de euros ou o equivalente a uma média diária de 2900 cheques devolvidos.