Milhares de pessoas morreram na Ásia e em alguns países de África, vítimas do terramoto e do tsunami que se seguiu.
Os números da tragédia são ainda muito provisórios e o número de vítimas não pára de aumentar, quase minuto a minuto.
São já milhares os mortos confirmados, milhares os desaparecidos e milhões as pessoas afectadas.
Perante uma tragédia desta magnitude sentimo-nos pequeninos e insignificantes. É nestas alturas que vemos que as nossas crises, guerrinhas e achaques nada valem perante a fúria da natureza.
Como disse o Marquês de Pombal após o terramoto de Lisboa em 1755, agora têm que se “enterrar os mortos e cuidar dos vivos”.
No entanto, há um “pormenor” que não pode ser esquecido.
Se é verdade que contra um sismo de 8.9 na escala de Richter pouco há a fazer (a não ser prevenção na construção e no ordenamento do território), porque os abalos surgem sem aviso prévio, já quanto ao tsunami o que aconteceu é lamentável, escandaloso e, até, criminoso.
O maremoto levou algumas horas a chegar às costas de alguns dos países afectados e as autoridades, apesar de avisadas, nada fizeram “para não alarmar as populações” e em defesa do turismo de que dependem.
Milhares de vidas podiam ter sido poupadas se tivesse sido lançado um simples alerta nas zonas costeiras.
Passadas as primeiras semanas, em que se vão enterrar os mortos e ajudar os sobreviventes, alguém deveria ser chamado a prestar contas. Este é mais um daqueles casos em que “a culpa não deveria morrer solteira”.
Entretanto, a ajuda humanitária – absolutamente essencial – começa a chegar e a ONU confirmou já que esta é a maior operação de sempre.
Portugal – para já, ajuda com oito milhões de euros em dinheiro e equipas no terreno, juntamente com várias ONGs.
Para já, notícia de destaque pela negativa, só o atraso do nosso embaixador em Banguecoque que, estando de férias em Portugal, demorou 96 horas a regressar ao seu posto após a tragédia.
Na altura em que escrevo, o nosso país tem oito cidadãos dados como desaparecidos e outros incontactáveis.
sexta-feira, dezembro 31, 2004
segunda-feira, dezembro 27, 2004
(In)Félix Natal
Tenho uma dúvida: estamos na época do Natal ou no Carnaval?
É certo que temos a maior árvore de Natal da Europa no nosso país e até já houve troca de presentes e mensagens natalícias, mas a mim ninguém me tira da ideia de que estamos no Carnaval.
É que só no Carnaval é que se goza com as pessoas e fica tudo bem, porque, afinal, “é Carnaval ninguém leva a mal”.
Desta vez, o “desfile” ocorreu na quinta-feira.
O ministro das Finanças veio divulgar, à terceira tentativa, a solução para o défice 2004: vão ser transferidos do Fundo de Pensões da Caixa Geral de Depósitos mi milhões de euros para que Portugal possa, pelo terceiro ano consecutivo, ser “bom aluno” e cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento e ter um défice abaixo dos 3%.
Ora, logo aqui, há duas questões a considerar: primeiro, o ministro Bagão Félix tinha referido que não gostaria de utilizar receitas extraordinárias para conseguir cumprir o défice (o estratagema da sua antecessora) e, segundo, tinha prometido à Caixa que não ia mexer no seu fundo de pensões.
É curioso (para não dizer outra coisa) como se muda de opinião em questões tão sérias com uma facilidade destas, ainda para mais quando o chamado “plano B” falhou – segundo o ministro – também por culpa da mesma CGD.
O que é mais grave é que este novo “passe de mágica” não resolve nada de fundamental e nós, daqui a um ano, cá estaremos a discutir o que vender para voltar a cumprir este pacto “estúpido” (Romano Prodi).
Depois, só no Carnaval é que era possível um ministro ter a lata de anunciar um aumento de salário mínimo de 2.49% (abaixo do intervalo mínimo admitido pelo próprio Executivo) e continuar tudo como se nada fosse.
É que, caso não tenham reparado, este “aumento” é o mais baixo de sempre e segue-se a dois anos de “aumento 0”. Para além disso, este “aumento” surge depois do Primeiro-ministro (agora demissionário) ter anunciado no mês passado aos portugueses “o fim da austeridade”.
Por acaso nota-se: são mais 30 cêntimos (60$) o que não dá nem para um café.
Poucas vozes se levantaram nesta quinta-feira louca porque estavam todos muito preocupados com a questão “fundamental” do défice… sim, porque o facto de haver portugueses a ganhar menos de 80 contos por mês não é nada importante.
É Carnaval… (quase) ninguém leva a mal. (In)Félix Natal.
PS: Já agora, queria só lamentar que o senhor Primeiro-ministro demissionário tenha usado a sua mensagem de Natal para continuar a campanha de vitimização - qual "Calimero" - e deixar novas farpas ao Presidente da República.
É certo que temos a maior árvore de Natal da Europa no nosso país e até já houve troca de presentes e mensagens natalícias, mas a mim ninguém me tira da ideia de que estamos no Carnaval.
É que só no Carnaval é que se goza com as pessoas e fica tudo bem, porque, afinal, “é Carnaval ninguém leva a mal”.
Desta vez, o “desfile” ocorreu na quinta-feira.
O ministro das Finanças veio divulgar, à terceira tentativa, a solução para o défice 2004: vão ser transferidos do Fundo de Pensões da Caixa Geral de Depósitos mi milhões de euros para que Portugal possa, pelo terceiro ano consecutivo, ser “bom aluno” e cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento e ter um défice abaixo dos 3%.
Ora, logo aqui, há duas questões a considerar: primeiro, o ministro Bagão Félix tinha referido que não gostaria de utilizar receitas extraordinárias para conseguir cumprir o défice (o estratagema da sua antecessora) e, segundo, tinha prometido à Caixa que não ia mexer no seu fundo de pensões.
É curioso (para não dizer outra coisa) como se muda de opinião em questões tão sérias com uma facilidade destas, ainda para mais quando o chamado “plano B” falhou – segundo o ministro – também por culpa da mesma CGD.
O que é mais grave é que este novo “passe de mágica” não resolve nada de fundamental e nós, daqui a um ano, cá estaremos a discutir o que vender para voltar a cumprir este pacto “estúpido” (Romano Prodi).
Depois, só no Carnaval é que era possível um ministro ter a lata de anunciar um aumento de salário mínimo de 2.49% (abaixo do intervalo mínimo admitido pelo próprio Executivo) e continuar tudo como se nada fosse.
É que, caso não tenham reparado, este “aumento” é o mais baixo de sempre e segue-se a dois anos de “aumento 0”. Para além disso, este “aumento” surge depois do Primeiro-ministro (agora demissionário) ter anunciado no mês passado aos portugueses “o fim da austeridade”.
Por acaso nota-se: são mais 30 cêntimos (60$) o que não dá nem para um café.
Poucas vozes se levantaram nesta quinta-feira louca porque estavam todos muito preocupados com a questão “fundamental” do défice… sim, porque o facto de haver portugueses a ganhar menos de 80 contos por mês não é nada importante.
É Carnaval… (quase) ninguém leva a mal. (In)Félix Natal.
PS: Já agora, queria só lamentar que o senhor Primeiro-ministro demissionário tenha usado a sua mensagem de Natal para continuar a campanha de vitimização - qual "Calimero" - e deixar novas farpas ao Presidente da República.
terça-feira, dezembro 07, 2004
É só isto… mais nada
Numa altura em que o Governo caiu e o país se prepara para eleições legislativas antecipadas apetece-me aproveitar um mail anónimo que recebi e transcrevê-lo na íntegra.
Agradeço desde já ao seu autor, seja lá quem for, porque resume bem aquilo que se espera do Estado que nos governa ou deve governar.
Sem mais palavras:
“Em cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho, o Estado, e muito bem, tira-me 20 euros para o IRS e 11 euros para a Segurança Social.
O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75 euros para a Segurança Social.
E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros.
Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu Patrão pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19 euros para si.
Em resumo:
- Quando ganho 100 euros, o Estado fica quase com 55.
- Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 19.
- Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33.
- Quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.
Eu pago e acho muito bem, portanto exijo: um sistema de ensino que garanta cultura, civismo e futuro, emprego para o meu filho. Serviços de saúde exemplares. Um hospital bem equipado a menos de 20 km da minha casa.
Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o País. Auto-estradas sem portagens.
Pontes que não caiam. Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano.
Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos.
Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida e jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros. Polícia eficiente e equipada.
Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público, uma orquestra sinfónica.
Filmes criados em Portugal. E, no mínimo, que não haja um único caso de fome e miséria nesta terra.
Na pior das hipóteses, cada 300 euros em circulação em Portugal garantem ao Estado 100 euros de receita. Portanto Sr. Primeiro-ministro, governe-se com o dinheirinho que lhe dou porque eu quero e tenho direito a tudo isto.
Um português contribuinte”
Agradeço desde já ao seu autor, seja lá quem for, porque resume bem aquilo que se espera do Estado que nos governa ou deve governar.
Sem mais palavras:
“Em cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho, o Estado, e muito bem, tira-me 20 euros para o IRS e 11 euros para a Segurança Social.
O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75 euros para a Segurança Social.
E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros.
Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu Patrão pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19 euros para si.
Em resumo:
- Quando ganho 100 euros, o Estado fica quase com 55.
- Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 19.
- Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33.
- Quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.
Eu pago e acho muito bem, portanto exijo: um sistema de ensino que garanta cultura, civismo e futuro, emprego para o meu filho. Serviços de saúde exemplares. Um hospital bem equipado a menos de 20 km da minha casa.
Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o País. Auto-estradas sem portagens.
Pontes que não caiam. Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano.
Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos.
Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida e jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros. Polícia eficiente e equipada.
Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público, uma orquestra sinfónica.
Filmes criados em Portugal. E, no mínimo, que não haja um único caso de fome e miséria nesta terra.
Na pior das hipóteses, cada 300 euros em circulação em Portugal garantem ao Estado 100 euros de receita. Portanto Sr. Primeiro-ministro, governe-se com o dinheirinho que lhe dou porque eu quero e tenho direito a tudo isto.
Um português contribuinte”
quarta-feira, dezembro 01, 2004
Branco mais branco não há
Aí está mais uma tentativa de branquear uma situação anormal: a TAP e a Agência Abreu decidiram acabar com a “Yes” e criar a “White”.
Depois de ter ficado mais conhecida pelas avarias, atrasos e complicações do que pela eficiência da sua acção, a “Yes” é agora, qual toque mágico, transformada em “White”.
Segundo a TAP esta nova companhia “charter” vai utilizar o mesmo tipo de avião que a “casa mãe” e pretende ter um serviço de qualidade internacional.
Vamos ver o que acontece no futuro…
Esperemos que, desta vez “Yes”, se faça um serviço “White” a bem dos clientes, da TAP e de Portugal.
Esperemos que, como em outras situações, não mudem só as moscas.
Depois de ter ficado mais conhecida pelas avarias, atrasos e complicações do que pela eficiência da sua acção, a “Yes” é agora, qual toque mágico, transformada em “White”.
Segundo a TAP esta nova companhia “charter” vai utilizar o mesmo tipo de avião que a “casa mãe” e pretende ter um serviço de qualidade internacional.
Vamos ver o que acontece no futuro…
Esperemos que, desta vez “Yes”, se faça um serviço “White” a bem dos clientes, da TAP e de Portugal.
Esperemos que, como em outras situações, não mudem só as moscas.
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