Já não me acontecia há muitos anos e estava a ficar "destreinado". Talvez por isso me tenha feito mais impressão do que habitualmente: ontem voltei a dar de caras com um "tipo 4".
Antes de mais deixem-me explicar-vos que a minha experiência (!) de 33 anos me permite ter inventado para uso pessoal e intransmissível (pelo menos até hoje) uma catalogação das pessoas ditas "normais".
Há quatro tipos diferentes, passo a explicar:
1- as pessoas que te tratam normalmente, que te percebem e te ajudam quando necessário.
2- as pessoas que parece que te ignoram e quando passas começam a "bichanar" (habitualmente são pessoas de idade que têm conversas do género: "Coitadinho terá sido acidente?").
3- as pessoas que te abordam (habitualmente crianças que fazem perguntas ou pedidos do género: "Podes ir a correr até ali? Tens algum irmão como tu?).
4- as "pessoas" que te ofendem sem razão aparente só porque és deficiente.
Foi o que me voltou a acontecer ontem: duas pessoas num carro, eu a tentar atravessar a estrada junto a um passeio em obras e um esperto sorridente a gritar: "Ó aleijadinho endireita as pernas".
Enfim, só espero que o moço não tenha nenhum azar na vida.
(*) Desculpem este desabafo, não é habitual vir para aqui armar-me em Calimero, mas há dias assim...
quinta-feira, novembro 29, 2007
segunda-feira, novembro 26, 2007
Deve ser do cansaço
O líder da Juventude Centrista disse que era preciso "apontar com frontalidade" alguns dos principais responsáveis por actos como os "sequestros e incêndios às sedes do CDS-PP logo após a revolução de Abril de 1974 e que continuam hoje no activo".
Eu, que sou pela "frontalidade", acho bem e, por isso, aqui estou solidário com a indignação de Pedro Moutinho.
O rapaz, depois de um almoço com os seus camaradas (perdão, colegas) de partido, deu alguns exemplos de pessoas que estiveram envolvidos nos "distúrbios revolucionários":
"Falo do actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que mais tarde se renderia às virtudes do capitalismo. Falo também das bombas das FP 25 de Abril e políticos actuais como Francisco Louçã, Luís Fazenda, Jerónimo de Sousa, Odete Santos e Bernardino Soares".
Ora bem, eu confesso que não sei exactamente quais são as brincadeiras de infância dos meninos do CDS-PP, mas, se calhar, a organização de revoluções e colocação de bombas fazem parte do leque de jogos habituais.
É que convém lembrar ao jovem líder da JC que, por alturas do Verão Quente, o perigoso Bernardino Soares, do PCP, tinha quatro (4) anos.
Alguém coloca bombas com quatro anos? Parece-me difícil, não sei. Eu cá brincava com carrinhos e queria era jogar à bola.
Eu, que sou pela "frontalidade", acho bem e, por isso, aqui estou solidário com a indignação de Pedro Moutinho.
O rapaz, depois de um almoço com os seus camaradas (perdão, colegas) de partido, deu alguns exemplos de pessoas que estiveram envolvidos nos "distúrbios revolucionários":
"Falo do actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que mais tarde se renderia às virtudes do capitalismo. Falo também das bombas das FP 25 de Abril e políticos actuais como Francisco Louçã, Luís Fazenda, Jerónimo de Sousa, Odete Santos e Bernardino Soares".
Ora bem, eu confesso que não sei exactamente quais são as brincadeiras de infância dos meninos do CDS-PP, mas, se calhar, a organização de revoluções e colocação de bombas fazem parte do leque de jogos habituais.
É que convém lembrar ao jovem líder da JC que, por alturas do Verão Quente, o perigoso Bernardino Soares, do PCP, tinha quatro (4) anos.
Alguém coloca bombas com quatro anos? Parece-me difícil, não sei. Eu cá brincava com carrinhos e queria era jogar à bola.
quarta-feira, novembro 21, 2007
Opinião Pública
Lembro-me, há uns tempos, de um estudo de opinião em que os jornalistas eram a segunda ou terceira profissão em que os portugueses mais confiavam.
Ontem, no comboio, um velhote lia um daqueles jornais gratuitos que nos são oferecidos à entrada da gare.
Ao reparar que eu estava a espreitar por cima do ambro, aquela atitude habitual e tão irritante dos portugueses, perguntou-me:
"Quer ler o jornaleco? Isto é só mentiras, mas sempre pode ser que acertem alguma".
Recusei e fiquei a pensar: "Será que este é um sentimento comum entre as pessoas? Será que a opinião da opinião pública está a mudar?"
A maneira como têm sido geridos alguns dos últimos casos mais mediáticos talvez tenha (des)ajudado.
Ontem, no comboio, um velhote lia um daqueles jornais gratuitos que nos são oferecidos à entrada da gare.
Ao reparar que eu estava a espreitar por cima do ambro, aquela atitude habitual e tão irritante dos portugueses, perguntou-me:
"Quer ler o jornaleco? Isto é só mentiras, mas sempre pode ser que acertem alguma".
Recusei e fiquei a pensar: "Será que este é um sentimento comum entre as pessoas? Será que a opinião da opinião pública está a mudar?"
A maneira como têm sido geridos alguns dos últimos casos mais mediáticos talvez tenha (des)ajudado.
segunda-feira, novembro 19, 2007
Flexibilidade e polivalência
Esta é uma das ideias base que o Governo quer impingir aos funcionários públicos e que, mais tarde ou mais cedo, vai chegar aos privados.
O curioso é que, muito antes desta ideia peregrina, já alguns dos comentadores televisivos tinham aderido a este princípio.
Dois exemplos paradigmáticos: Nuno Rogeiro, nascido para o mundo do comentarismo internacional aquando da Guerra do Golfo de 1991; e, claro, o impagável professor Marcelo, que todos os órgãos de comunicação ouvem religiosamente aos domingos à noite em busca de um qualquer rasgo.
Neste seguimento, eis que se está a formar uma nova classe: os gestores públicos polivalentes.
É indiferente qual é a empresa, qual o ramo, qual a situação. A questão é: "Há problemas? Vai-se buscar o Almerindo".
"Mas o homem percebe alguma coisa de estradas? - Não pá, mas também não é preciso. O gajo não percebia de televisão e endireitou a RTP. - Ah... - Pois, e ainda por cima foi nomeado pelo PSD, por isso, agora não podemos ser criticados. - Ah, ok, percebi-te".
O curioso é que, muito antes desta ideia peregrina, já alguns dos comentadores televisivos tinham aderido a este princípio.
Dois exemplos paradigmáticos: Nuno Rogeiro, nascido para o mundo do comentarismo internacional aquando da Guerra do Golfo de 1991; e, claro, o impagável professor Marcelo, que todos os órgãos de comunicação ouvem religiosamente aos domingos à noite em busca de um qualquer rasgo.
Neste seguimento, eis que se está a formar uma nova classe: os gestores públicos polivalentes.
É indiferente qual é a empresa, qual o ramo, qual a situação. A questão é: "Há problemas? Vai-se buscar o Almerindo".
"Mas o homem percebe alguma coisa de estradas? - Não pá, mas também não é preciso. O gajo não percebia de televisão e endireitou a RTP. - Ah... - Pois, e ainda por cima foi nomeado pelo PSD, por isso, agora não podemos ser criticados. - Ah, ok, percebi-te".
sexta-feira, novembro 16, 2007
O outro lado das notícias...
Nos primeiros dias do "processo Maddie" foi divulgada uma fotografia - e a partir dai lançada uma mega-campanha - de Madeleine McCann em que o destaque era dado a um sinal distintivo num dos olhos da menina.
Com aquela marca caracteristica no olho direito, seguramente, só a pequena menina inglesa.
Ora, como está bom de ver, esse foi, claramente, um erro de estratégia porque, se fosse caso disso, o tal sinal característico seria (terá sido) uma autêntica "sentença de morte" - isto, claro, para quem acredita na tese de rapto - para Maddie.
Outro caso tem a ver com o que aconteceu ontem: passaram de um blog para as televisões e um jornal nacional as ameaças de um bando de energúmenos a elementos da polícia que está a tomar conta das claques.
Este "alastrar da notícia" não facilita o trabalho dessa força porque pode incendiar o ambiente, especialmente a poucos dias de um Benfica-FC Porto.
Às vezes, era bom ter atenção ao que se dá, como se dá...
Com aquela marca caracteristica no olho direito, seguramente, só a pequena menina inglesa.
Ora, como está bom de ver, esse foi, claramente, um erro de estratégia porque, se fosse caso disso, o tal sinal característico seria (terá sido) uma autêntica "sentença de morte" - isto, claro, para quem acredita na tese de rapto - para Maddie.
Outro caso tem a ver com o que aconteceu ontem: passaram de um blog para as televisões e um jornal nacional as ameaças de um bando de energúmenos a elementos da polícia que está a tomar conta das claques.
Este "alastrar da notícia" não facilita o trabalho dessa força porque pode incendiar o ambiente, especialmente a poucos dias de um Benfica-FC Porto.
Às vezes, era bom ter atenção ao que se dá, como se dá...
quinta-feira, novembro 15, 2007
No comments
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais afirmou na Comissão Parlamentar de Finanças e Orçamento, no Parlamento, que muitas das grandes empresas portuguesas são fraudulentas em termos fiscais.
Amaral Tomaz diz que “em Portugal enraizou-se sempre a convicção de que as grandes empresas não cometem fraude fiscal, mas a realidade é diferente daquilo que podemos pensar".
A sério? Ninguém diria.
Amaral Tomaz diz que “em Portugal enraizou-se sempre a convicção de que as grandes empresas não cometem fraude fiscal, mas a realidade é diferente daquilo que podemos pensar".
A sério? Ninguém diria.
quinta-feira, novembro 08, 2007
Apitadela...
Andar na estrada em Lisboa é um “must”, isto claro, se se conseguir o distanciamento suficiente para apreciar o “espectáculo”.
Os portugueses, na generalidade, conduzem mal, mas, curiosamente, têm a mania que conduzem bem.
E o engraçado disto é apreciar dois “artistas do volante” em competição.
Claro que há sempre a hipótese de pararem as viaturas e resolverem a querela à pancada.
Mas, há também outras duas alternativas de resolver as questões bem "à homem".
Uma é o célebre “picanço” nos semáforos. Como é giro vê-los a acelerar à espera do verde para ganhar a corrida ao outro “armandinho” até ao outro sinal luminoso.
A outra é a “apitadela”. O outro otário faz um erro inacreditável e nós, como seres superiores, vamos mostrar-lhe que se enganou buzinando incessantemente. Claro que o outro, nada convencido, tem resposta à altura: apitar ainda durante mais tempo, de preferência com uma buzina ainda mais ruidosa (tipo daquelas de camião).
E assim vamos (des)andando…
Os portugueses, na generalidade, conduzem mal, mas, curiosamente, têm a mania que conduzem bem.
E o engraçado disto é apreciar dois “artistas do volante” em competição.
Claro que há sempre a hipótese de pararem as viaturas e resolverem a querela à pancada.
Mas, há também outras duas alternativas de resolver as questões bem "à homem".
Uma é o célebre “picanço” nos semáforos. Como é giro vê-los a acelerar à espera do verde para ganhar a corrida ao outro “armandinho” até ao outro sinal luminoso.
A outra é a “apitadela”. O outro otário faz um erro inacreditável e nós, como seres superiores, vamos mostrar-lhe que se enganou buzinando incessantemente. Claro que o outro, nada convencido, tem resposta à altura: apitar ainda durante mais tempo, de preferência com uma buzina ainda mais ruidosa (tipo daquelas de camião).
E assim vamos (des)andando…
Com aumentos destes...
Eu ainda sou do tempo em que uma pastilha elástica custava 2$50.
O Governo reafirmou esta quarta-feira que o aumento de salários para os funcionários públicos no próximo ano vai ser de 2.1% - um valor igual ao previsto para a inflação.
Ora, a confirmar-se, esta subida equivale a "aumento zero" e vem juntar-se a mais (penso que sete) anos em que os aumentos não foram líquidos.
Curioso é que o subsídio de refeição deverá também ser actualizado na mesma percentagem, o que quer dizer que cada funcionário público vai receber mais oito (8) cêntimos para comer.
A pergunta que se coloca é: o que é que se compra com mais oito cêntimos por dia? Eventualmente pastilhas elásticas para enganar a fome.
O Governo reafirmou esta quarta-feira que o aumento de salários para os funcionários públicos no próximo ano vai ser de 2.1% - um valor igual ao previsto para a inflação.
Ora, a confirmar-se, esta subida equivale a "aumento zero" e vem juntar-se a mais (penso que sete) anos em que os aumentos não foram líquidos.
Curioso é que o subsídio de refeição deverá também ser actualizado na mesma percentagem, o que quer dizer que cada funcionário público vai receber mais oito (8) cêntimos para comer.
A pergunta que se coloca é: o que é que se compra com mais oito cêntimos por dia? Eventualmente pastilhas elásticas para enganar a fome.
segunda-feira, novembro 05, 2007
Grandes vidas...
Qualquer Universidade que se preze tem a cadeira de BAR (desculpem, não é a sigla de nenhuma disciplina complicada tipo Biologia Arqueológica Retroactiva ou algo do género. é mesmo bar, de cafetaria).
Ele é ver, diariamente, centenas de alunos a baldarem-se às aulas para ficarem no bar... a jogar às cartas.
E aí, seguramente, tiram boas notas, dado o empenho e as horas que gastam nessas "matérias".
Vem isto a propósito de uma notícia que saiu na imprensa de hoje: um português ficou em terceiro lugar no Europeu de Poker (!?).
Em primeiro lugar desconhecia que se realizavam tais campeonatos; em segundo lugar achava altamente improvável que houvesse profissionais de tal modalidade. Mas eis que existem, até em Portugal.
Já estou a ver o miúdo quando chegou a casa: "Mamã, papá já sei o que quero fazer quando for grande". "Então, meu filho, diz lá: advogado, médico, arquitecto?". "Não pá, que horror, quero é... jogar às cartas!"(*).
Há grandes vidas pá... Faz-me lembrar aqueles miúdos que nos Estados Unidos (claro) ganham milhares de dólares como profissionais de video-jogos!
(*) Convém só acrescentar que o vencedor deste torneio, um sueco, levou para casa 21 mil euros por ter estado umas horas a jogar às cartas.
Ele é ver, diariamente, centenas de alunos a baldarem-se às aulas para ficarem no bar... a jogar às cartas.
E aí, seguramente, tiram boas notas, dado o empenho e as horas que gastam nessas "matérias".
Vem isto a propósito de uma notícia que saiu na imprensa de hoje: um português ficou em terceiro lugar no Europeu de Poker (!?).
Em primeiro lugar desconhecia que se realizavam tais campeonatos; em segundo lugar achava altamente improvável que houvesse profissionais de tal modalidade. Mas eis que existem, até em Portugal.
Já estou a ver o miúdo quando chegou a casa: "Mamã, papá já sei o que quero fazer quando for grande". "Então, meu filho, diz lá: advogado, médico, arquitecto?". "Não pá, que horror, quero é... jogar às cartas!"(*).
Há grandes vidas pá... Faz-me lembrar aqueles miúdos que nos Estados Unidos (claro) ganham milhares de dólares como profissionais de video-jogos!
(*) Convém só acrescentar que o vencedor deste torneio, um sueco, levou para casa 21 mil euros por ter estado umas horas a jogar às cartas.
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